"O ALERTA FOI DADO. MUDANÇA NA BITOLA DA FCA PODE ESVAZIAR O PORTO SUL", DESTACOU ISAAC ALBAGLI

Segundo o ex-secretário de Planejamento e Infraestrutura de Ilhéus, a alteração pode desviar cargas para Salvador, reduzindo a competitividade da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) e impactando diretamente a economia da região sul da Bahia
Uma possível mudança na bitola da Ferrovia Centro-Atlântica (FCA) tem causado preocupação entre especialistas e defensores do Porto Sul, em Ilhéus. O alerta foi reforçado nesta quarta-feira (26) pelo ex-secretário de Planejamento e Infraestrutura de Ilhéus, Isaac Albagli, em entrevista ao programa O Tabuleiro, da rádio Ilhéus FM, comandado pelo comunicador Vila Nova. Segundo Isaac, a alteração pode desviar cargas para Salvador, reduzindo a competitividade da Ferrovia de Integração Oeste-Leste (FIOL) e impactando diretamente a economia da região sul da Bahia.
Isaac Albagli explicou que a FCA, operada pela empresa VLI, atualmente utiliza bitola métrica (com trilhos a um metro de distância entre si). A mudança para bitola larga (1,60 m) no trecho entre Tanhaçu e Salvador poderia facilitar o escoamento de cargas para os portos da Bahia de Todos os Santos, reduzindo o fluxo de mercadorias destinadas ao Porto Sul. “O risco é que esse desvio pode esvaziar o Porto Sul. Não estou dizendo que ele vai deixar de existir, mas isso pode afetar drasticamente a sua operação e o desenvolvimento da região”, alertou Isaac.
O ex-secretário lembrou que a FIOL foi projetada para conectar o interior da Bahia ao Porto Sul, facilitando o transporte de minérios e grãos. Com o novo traçado da FCA, as cargas poderiam ser redirecionadas para Salvador, que já conta com infraestrutura consolidada, como o Porto de Aratu. “A distância não é problema. Entre Ilhéus e Salvador são apenas 50 quilômetros a mais em linha reta. Para um trem, isso não representa nada. O que está em jogo aqui são interesses econômicos e logísticos”, enfatizou.
Um dos pontos que mais chamou a atenção de Isaac foi um artigo publicado por Edgard Porto, diretor da Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI), órgão ligado ao Governo do Estado. No texto, Porto defende a integração das cargas da FIOL aos portos da Região Metropolitana de Salvador.
Para Isaac, essa posição contradiz os próprios interesses do governo baiano, que foi responsável por conceber o projeto do Porto Sul. “O Porto Sul foi uma iniciativa do Governo do Estado, desde a gestão de Jaques Wagner. Agora, um diretor de um órgão estadual sugere que as cargas sejam desviadas para Salvador? A SEI precisa esclarecer se essa posição é oficial ou apenas opinião pessoal”, questionou.
Isaac reforçou que o Porto Sul não se trata apenas do escoamento de minério, mas da criação de um polo logístico e industrial que pode atrair investimentos e gerar empregos para a região sul da Bahia.
“A perda não seria só de Ilhéus. Toda a região cacaueira perderia oportunidades de desenvolvimento. Enquanto isso, Salvador ganharia ainda mais força, e a VLI viabilizaria financeiramente sua ferrovia. O governo precisa estar atento para não deixar isso acontecer”, destacou.
Vila Nova lembrou que, historicamente, há um forte lobby político e econômico para concentrar operações portuárias na capital baiana. Segundo Isaac, essa disputa se mantém viva.
“Sem dúvida, esse lobby é muito forte. Não é só a VLI que se beneficia. Grandes operadores portuários também querem que essa carga vá para Salvador. É um jogo de interesses, e o sul da Bahia precisa se mobilizar para não perder essa batalha”, afirmou.
Diante do risco iminente, Isaac reforçou que a FIOL e o Porto Sul são fundamentais para descentralizar o desenvolvimento da Bahia e que qualquer mudança na bitola da FCA deve ser analisada com extrema cautela.
“O alerta foi dado. Agora, cabe às autoridades tomarem as decisões certas para garantir que o Porto Sul seja, de fato, um vetor de crescimento para a nossa região”, concluiu.
Confira a entrevista completa:
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