Em entrevista à Rádio Ilhéus FM, secretário de Turismo defende senso de pertencimento, resgate histórico e planejamento estratégico como pilares para fortalecer a cidade no cenário nacional e internacional

O secretário de Turismo de Ilhéus, Maurício Tavares, destacou, em entrevista ao programa O Tabuleiro, da Rádio Ilhéus FM, nesta quinta-feira (14), a importância do resgate histórico e do senso de pertencimento como elementos fundamentais para fortalecer a cidade como destino turístico.

Segundo ele, a data de 14 de agosto é um marco para Ilhéus, pois marca a sessão solene que oficializou sua elevação à categoria de cidade. “Esse tipo de informação a gente precisa estar passando, porque a cidade precisa conhecer a sua história total. Esse é um patrimônio imaterial que não está vivo na memória do ilheense, e isso afeta a forma como recebemos o turista”, afirmou.

Tavares ressaltou que, no turismo de experiência, o visitante busca vivências autênticas e contato com a história local. “Se esse senso de pertencimento não estiver embutido na postura de receber o turista com orgulho e conhecimento, a gente já larga com uma defasagem muito grande em relação a outros destinos”, comparou, citando o exemplo do Rio de Janeiro, onde o carioca, mesmo diante de problemas internos, vende com entusiasmo a imagem de sua cidade.

O secretário lembrou que Ilhéus possui atrativos únicos, como a história do cacau, o legado literário de Jorge Amado, a cultura dos povos originários e manifestações culturais autênticas. “O turista, principalmente o estrangeiro, paga o que for para viver experiências únicas, como a puxada do mastro. Isso é autenticidade”, disse.

Sobre a dificuldade de vender Ilhéus como destino em outros mercados, Tavares apontou que 75% dos passageiros que desembarcam no aeroporto local não permanecem na cidade, e que 70% dos que ficam buscam basicamente sol e praia. Para ele, é necessário planejamento de longo prazo e trabalho conjunto com o trade turístico e a comunidade. “Não existe solução mágica. Estamos construindo uma estratégia, ouvindo todos os setores, para saber onde queremos chegar e como vamos chegar”, afirmou.

Questionado sobre o papel do aeroporto nas limitações do turismo, Tavares disse que o problema é muitas vezes usado como justificativa para a falta de ações concretas. Ele explicou que a questão da malha aérea está ligada a fatores globais, como a falta de aeronaves no pós-pandemia, e a entraves técnicos, como a ausência de um sistema de pouso por instrumentos em Ilhéus, que poderia ser resolvido com um investimento de cerca de R$ 200 mil. “Isso resolveria desde questões turísticas até emergências de saúde”, observou, informando que o assunto está em discussão no governo federal.

O secretário anunciou a campanha “Ilhéus 360”, voltada ao público regional e aos principais mercados emissores nacionais e internacionais. Ele destacou ações já realizadas, como a promoção na Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL), que atraiu a atenção do público português, e a venda de Ilhéus como destino seguro para o turismo de cruzeiros e para o visitante estrangeiro.

Maurício Tavares também defendeu a manutenção da cidade como capital mundial do cacau e do chocolate, frente à disputa de outros estados. “Nós temos um destino seguro, com porto e aeroporto próximos ao centro histórico, onde a incidência de criminalidade contra o turista é zero. Isso não existe em nenhum outro lugar do Brasil. Precisamos manter esse posicionamento e pensar no médio e longo prazo para garantir a nossa força no cenário internacional”, concluiu.

Confira a entrevista completa: 

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