"TUDO QUE NA MINHA CONCEPÇÃO, COLOCAR EM RISCO A DEMOCRACIA, NÃO VAI TER MEU APOIO", DISSE JABES RIBEIRO SOBRE UNIÃO PROGRESSISTA

Ex-prefeito de Ilhéus e secretário-geral do PP na Bahia reafirma compromisso com a democracia e critica polarização política
Em entrevista ao programa O Tabuleiro, da rádio Ilhéus FM, nesta sexta-feira (5), o ex-prefeito de Ilhéus, ex-deputado federal e atual secretário-geral do Progressista na Bahia, Jabes Ribeiro, falou sobre a formação da federação União Brasil e PP, a chamada União Progressista, e as dificuldades enfrentadas por partidos diante do atual cenário político nacional.
No início da entrevista, Vila Nova perguntou a Jabes como ele se posicionaria diante da federação União Progressista, considerando que alguns ministros e filiados podem ter que deixar cargos no governo federal. "Se eles querem deixar o governo do presidente Lula, vão tomar um outro caminho. Esse outro caminho, provavelmente na campanha, pode ser Tarcísio de Freitas, ou pode ser qualquer outro nome que lá na frente venha a ser escolhido. Tarcísio hoje pede anistia, Tarcísio defende a bandeira de Bolsonaro, como todo mundo sabe. Como é que fica a figura de Jabes Ribeiro, que é um amante apaixonado pela democracia?", questionou Vila Nova. Jabes destacou o contexto turbulento da política nacional e criticou a polarização extrema: "Evidente que há um quadro de ebulição na vida nacional por conta do julgamento de Bolsonaro, que o Supremo Tribunal Federal está realizando. Por conta desse momento. Essa é uma situação que realmente é muito preocupante. Você hoje vive uma realidade que se você fizer uma fotografia com alguém do seu lado que alguém não gosta, você é tachado disso ou daquilo."
Ele citou o exemplo de uma foto com o ministro Dino, destacando que, apesar de conhecer o ministro politicamente, recebeu críticas: "Eu conheço Dino da política. Foi governador, foi deputado, foi senador, depois ministro da Justiça e agora ministro do Supremo. Você imagina. As pessoas não entendem isso. Onde é que nós estamos? Você não pode mais fazer fotografia. Você pode estar de lado diferente da pessoa, seu ponto de vista político, partidário ou até ideológico, mas não significa que você seja inimigo. É impressionante o que nós estamos assistindo, porque você passa a ser o bem ou o mal, Deus ou diabo, e eu não entro nesse jogo, amigo. Eu não estou disposto a isso, mas não estou mesmo."
Jabes Ribeiro também refletiu sobre o estado da democracia no Brasil e no mundo, destacando a relação entre democracia e justiça social:
"Eu vou defender a democracia sempre, independentemente de quem quer que seja, porque esse é um valor maior, esse é um bem maior. Eu hoje, por exemplo, tenho lido muito, estudo muito, o que está acontecendo com a democracia? Eu acho que só tem uma resposta. Democracia sem justiça social não aguenta, não resiste. Nós não podemos permitir isso. Dá pra você defender democracia numa sociedade em que o povo está passando fome? Em que as diferenças sociais são observáveis, claras? Não dá. E o cidadão diz o seguinte, que democracia é essa? Porque nem todo mundo tem direito a isso, aquilo. Saúde é uma vergonha, educação não presta, não tem direito a isso e aquilo. Então, democracia, ela rima com justiça social. Ou nós trabalhamos com o país mais justo, ou nós vamos enfrentar essa realidade."
Sobre sua posição dentro do partido e a federação União Progressista, Jabes afirmou que alguns posicionamentos do partido o incomodam, mas reforçou que não abrirá mão de seus princípios democráticos:
"Alguns me incomodam, sim. Me incomodam como cidadão, me incomodam como homem crítico, claro que sim. Mas eu parto do princípio, tem partido perfeito? Não. Eu conheço esse movimento há algum tempo. [...] Eu sou político, sou do partido progressista, o secretário-geral, sei das minhas responsabilidades, mas confesso a você que eu estou com algum desconforto, em algumas situações."
Sobre a importância da democracia e o risco de retrocesso, Jabes foi enfático: "Nós não podemos permitir que o Brasil volte a essa realidade. Cada vez que você perdoa aquilo que foi um atentado ao processo democrático, você está dizendo o seguinte: você tem direito a lá na frente repetir. As democracias morrem por isso, morrem por falta de cuidados com ela mesma."
Questionado sobre se terá liberdade para manifestar suas opiniões na União Progressista, Jabes foi enfático: "Tudo que na minha, na minha concepção, colocar em risco esse bem maior, esse valor maior da vida, que é a liberdade, que é o dia de você viver em paz, que é o dia de você respeitar a opinião do outro, tal, tal, que é o processo democrático, não vai ter meu apoio. Jamais eu vou negociar, jamais eu vou claudicar no que diz respeito a manter a democracia no nosso país."
Sobre os desafios eleitorais da federação na Bahia, ele detalhou as negociações e projeções: "Na Bahia, nós temos uma dificuldade imensa. Esses debates estão acontecendo, nós temos seis deputados estaduais, corremos o risco de ficar um. [...] Pelo Estatuto da Federação União Progressista, no mínimo, o partido terá direito a 30% das vagas. [...] Meu nome foi colocado para participar desses debates, entende? Então, eu sei que é muito espinhoso muitas vezes, é difícil porque as coisas, há muito pragmatismo eleitoral e muitas vezes passa por cima de algumas questões, no meu caso não."
Por fim, Jabes Ribeiro reafirmou seu compromisso com a política, a democracia e a justiça social, mesmo diante de divergências partidárias: "Eu amo a política, mas eu vou fazer, vou realizar, vou buscar justiça social numa sociedade, até para garantir a liberdade, a democracia, essa é a minha missão, não vou abrir mão disso, entende? Então, muitas vezes posso até ficar em algumas situações isolado, mas vou manter claramente as minhas posições."
Confira a entrevista completa:
Deixe seu comentário para "TUDO QUE NA MINHA CONCEPÇÃO, COLOCAR EM RISCO A DEMOCRACIA, NÃO VAI TER MEU APOIO", DISSE JABES RIBEIRO SOBRE UNIÃO PROGRESSISTA