“A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ESTÁ ENTRANDO NA ADVOCACIA, MAS ELA NÃO PODE SUBSTITUIR O ADVOGADO”, DIZ VINÍCIUS BRIGLIA

Advogado alerta para responsabilidade profissional no uso de novas tecnologias no Judiciário
O advogado Vinícius Briglia destacou, em entrevista ao programa O Tabuleiro, que a advocacia e o Judiciário enfrentam hoje o desafio de equilibrar o conhecimento jurídico com a evolução tecnológica, que cresce de forma acelerada. “Hoje o grande desafio da advocacia e do judiciário é justamente você tentar achar um equilíbrio entre o conhecimento jurídico e entre a evolução da tecnologia, que cada dia mais vem crescendo de forma assustadora. Hoje os processos são praticamente 100% digitais, as audiências são 100% digitais. Nós, no escritório de advocacia, às vezes atendemos nossos clientes de forma digital. Digital, no mínimo pelo WhatsApp”, explicou.
Briglia enfatizou que a inteligência artificial já é utilizada para apoiar advogados na elaboração de documentos, mas não pode substituir o profissional. “Cada dia mais está entrando na advocacia, assessorando o advogado, mas ela não pode substituir o advogado, e isso o advogado tem que ter muito cuidado na utilização da inteligência artificial. É um instrumento importante para o advogado, para que ele possa utilizar como gerenciador do seu escritório, assessoramento na elaboração de documentos, mas ele não pode substituir”.
O advogado ainda citou situações curiosas e recentes em que a IA foi utilizada de forma inadequada: “Hoje a gente já vê algumas situações, chega a ser até icônica. A gente acompanhou esses dias um advogado que para fazer a sustentação oral, avisou ao desembargador: ‘Excelência, vou fazer a sustentação oral via inteligência artificial’. O desembargador não entendeu, falou tudo bem. Ele ligou a inteligência artificial e fez a sustentação oral pra ele. No meio, o camarada percebeu lá e falou assim: ‘Mas doutor, não é o senhor que está fazendo a sustentação, é a máquina’. Isso aí já é um absurdo também. Chegou o caso até de alguns juízes indeferirem petições, que perceberam terem sido produzidas através de inteligência artificial”.
Sobre responsabilidade, Briglia reforçou: “O que importa é que o advogado assinou. Se ele assinou a petição, é responsável pelo que ele está assinando ali, independente de quem fez, se foi o estagiário ou outra pessoa”.
Ele também comentou o impacto das videoconferências nas audiências: “A audiência física tem aquele romantismo da democracia. Você tem, de fato, as emoções ali presentes, consegue transmitir ao juiz que está ali interpretando a causa, o que muitas vezes você não consegue através da tela fria do computador”. Mesmo assim, ele destacou que a modalidade digital acelera o andamento dos processos e das atividades do advogado: “Você consegue avançar muito com os processos, cria maior celeridade não só para o andamento dos processos, mas também para o advogado, que às vezes tem que sair do escritório para fazer audiência e voltar para o escritório”.
Questionado sobre o novo fórum em Ilhéus, Briglia afirmou que, embora os processos sejam digitais, a presença física do Judiciário ainda é necessária: “O Poder Judiciário precisa ter um local físico para atendimento, ainda que as audiências sejam físicas. O juiz precisa estar presente no fórum, para atender a sociedade, atender os advogados, atender o cidadão. Os servidores também são a extensão do juiz. Você não vai conseguir transferir o Poder Judiciário para o home office. Isso é impossível”.
Ele completou, sobre o fórum novo: “A necessidade da sede física ainda existe. O nosso fórum hoje, realmente, já passou da época de ter atualizado. Acreditamos que ele vai vir num fórum mais moderno e que vai atender melhor os anseios, dar uma estrutura melhor para os judiciários de Ilhéus, que há muito tempo precisa dessa reforma”.
Confira a entrevista completa:
Deixe seu comentário para “A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL ESTÁ ENTRANDO NA ADVOCACIA, MAS ELA NÃO PODE SUBSTITUIR O ADVOGADO”, DIZ VINÍCIUS BRIGLIA