“A PEÇA, DE CERTA FORMA, FAZ A GENTE REDIMENSIONAR A IDEIA DE DESAPARECIMENTO”, DIZ DIRETOR CAIO RODRIGO SOBRE O ESPETÁCULO [SEM] DRAMA
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Espetáculo estreia em Ilhéus trazendo à cena os desaparecimentos simbólicos e materiais evidenciados pela pandemia, com humor, crítica social e uma reflexão sobre o teatro como resistência
O espetáculo [sem] DRAMA, dirigido e protagonizado por Caio Rodrigo, chega a Ilhéus nos dias 1º e 2 de agosto para provocar reflexões sobre os desaparecimentos, sejam simbólicos ou materiais, que marcaram a pandemia e continuam a repercutir na vida cultural e social. A montagem íntima, que mescla humor, tensão e estranhamento, foi tema da entrevista concedida por Caio Rodrigo, diretor e ator, e Elson Rosário, produtor local, ao programa O Tabuleiro da rádio Ilhéus FM, na manhã desta sexta-feira (1º).
O espetáculo, inspirado no conto “A Casa Tomada”, do escritor argentino Julio Cortázar, traz à cena dois irmãos confinados em uma casa que começa a desaparecer cômodo por cômodo, gerando um clima de inquietação e imobilidade. “São dois irmãos que estão numa casa e, de repente, a casa começa a desaparecer, cômodo por cômodo. E aí eles ficam sem saber o que fazer e começam a discutir. O que é possível fazer diante dessa situação, no caso fantástica, né, extraordinária”, explicou Caio Rodrigo.
A peça é mais do que uma narrativa ficcional, é um convite a repensar a noção de desaparecimento em múltiplas dimensões. “Essas pessoas desaparecem, então a peça, de certa forma, faz a gente redimensionar a ideia de desaparecimento”, destacou Caio, referindo-se às invisibilidades que ficaram evidentes na pandemia, sobretudo no âmbito cultural. “Quando você xinga uma secretaria, um ministério, você xinga uma cadeia de coisas que não passam pelo nosso olhar. A gente tem a materialidade das coisas, de muitas coisas, na ponta.”
Para Caio, o teatro é uma forma de resistência e reflexão em meio à crise: “A peça fala sobre desaparecimentos, simbólicos e materiais, sobre a crise política e sanitária, e dialoga com a censura às artes e a experiência de reclusão.” A montagem tem um caráter metalinguístico, colocando o próprio fazer teatral como objeto de reflexão. “É um jogo de ausência e presença, que é próprio do teatro, da visualidade e da energia que anima os corpos.”
O produtor local, Elson Rosário, ressaltou o humor presente na obra: “Vão que vocês vão rir. Tem drama, mas também tem um humor. São dois caras conversando numa casa e a casa desaparece.”
O projeto de circulação do espetáculo passa ainda por outras cidades da Bahia, como Jacobina, Santo Antônio de Jesus e Salvador, em uma ação financiada pela Lei Paulo Gustavo Bahia, que visa apoiar o setor cultural pós-pandemia.
Além das apresentações, no dia 2 de agosto será realizada uma oficina gratuita chamada Processo [sem] DRAMA: entre escrita, encenação e atuação, destinada a artistas, estudantes e grupos locais. A oficina será ministrada por Caio Rodrigo e Gordo Neto, um dos idealizadores do projeto, e trabalhará a dramaturgia, a atuação e a encenação a partir da proposta da peça. Para participar, é necessário assistir ao espetáculo na sexta-feira (1°).
As apresentações serão no Terreiro Matamba Tombenci Neto, na Av. Brasil, 485, bairro da Conquista. Os ingressos custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia) e podem ser adquiridos pela loja virtual do Teatro Terceira Margem ou diretamente na porta do evento. A sessão de sábado contará com intérprete de Libras, garantindo acessibilidade à comunidade surda.
Com mais de mil espectadores em Salvador e indicado ao Prêmio Bahia Aplaude 22/23 em categorias como Melhor Espetáculo Adulto, Melhor Texto e Melhor Direção, o [sem] DRAMA se reafirma como uma obra em constante reinvenção, capaz de conectar o público a questões urgentes sobre a existência, o isolamento e o papel transformador da arte.
São ofertadas 20 vagas gratuitas na oficina, que podem ser garantidas por meio de inscrição na bio do Instagram @teatroterceiramargem ou em: https://encurtador.com.br/1ui2U
Confira a entrevista completa:
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