Magno destacou também que já há ações do governo federal e de produtores voltadas à abertura de novos mercados para o cacau e o chocolate brasileiro

O Secretário de Qualificação, Emprego e Renda do Ministério do Trabalho e Emprego, Dr. Magno Lavigne, avaliou nesta sexta-feira (18), em entrevista ao programa O Tabuleiro, da Rádio Ilhéus FM, os impactos da taxação de 50% anunciada pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, incluindo as possíveis consequências para o segmento do cacau. A conversa foi conduzida pelo comunicador Vila Nova.

Questionado sobre como a medida pode afetar o setor, especialmente em relação à geração de emprego e renda na região cacaueira, o secretário destacou que o cacau, por ser uma commodity, está diretamente sujeito à flutuação do dólar. “Tivemos o preço do cacau chegando a quase mil reais, mil e pouquinho em alguns momentos. Agora há uma queda, mas ainda não é por conta dessa situação [da taxação americana]. São reflexos do aumento da produção na África e outros aspectos”, explicou.

Magno Lavigne demonstrou preocupação com o descontrole dos preços internacionais, principalmente diante do peso do mercado consumidor dos Estados Unidos. “O problema é quando você tem um descontrole dos preços internacionais, porque os Estados Unidos é um grande consumidor da matéria final, que é o chocolate. Se tiver esse descontrole, vai ter problemas”, alertou.

Segundo ele, mudanças abruptas na rota de exportação causam prejuízos ao setor produtivo. “Quando você dá um cavalo de pau numa estrutura que está montada, você demora um período para que isso aconteça”, afirmou, ao comentar sobre a dificuldade de redirecionar a produção para outros mercados de forma rápida.

Durante a conversa, o apresentador citou a complexidade logística de redirecionar produtos como o suco de laranja e os calçados, que muitas vezes já são fabricados com a marca do comprador estrangeiro. Sobre isso, o secretário reconheceu que o cacau pode apresentar uma vantagem comparativa: “Tem duas coisas com relação ao cacau: o volume comparado aos outros produtos hoje no Brasil é menor. Você tem condição de tentar discutir isso”.

Magno destacou que já há ações do governo federal e de produtores voltadas à abertura de novos mercados para o cacau e o chocolate brasileiro. “A Europa é um grande mercado consumidor, mas consome muito cacau da África, por uma questão logística. Então você tem que abrir novos mercados. O presidente Lula, por exemplo, esteve no Vietnã e abriu o mercado da carne do Sudeste Asiático. Temos que trabalhar isso com o cacau também”.

Ele também compartilhou uma experiência recente em missão oficial à Coreia do Sul, onde soube que o país não compra diretamente carne do Brasil por ter acordo de exclusividade com os EUA. Ainda assim, consome carne brasileira processada por frigoríficos americanos, demonstrando como o comércio global é interconectado. “O cacau está no mesmo patamar”, disse.

O secretário concluiu destacando a força da região cacaueira diante das adversidades. “Minha grande preocupação com o cacau é o descontrole do valor do dólar, porque se sobe muito, a tonelada sobe e descola do mercado real, que é o consumo da compra do cacau, e a gente vai ter um problema. Agora, nós somos resilientes aqui nessa região, que já sofreu e está começando a se recuperar. Tomara que não chegue nem perto do que já passamos há poucos anos. Eu acho difícil que chegue perto. A gente tem expertise em crise”, finalizou.

Confira a entrevista completa:

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