“NÃO É QUE A GENTE NÃO QUEIRA OFERTAR, É QUE NÃO TEM O PROFISSIONAL”, DIZ SECRETÁRIA DE SAÚDE DE ILHÉUS SOBRE FALTA DE ESPECIALISTAS
Falta de neurologistas, nefrologistas, reumatologistas e neuropediatras compromete atendimentos pelo SUS em Ilhéus, mesmo com salários de até R$ 10 mil oferecidos pelo município
A secretária de Saúde de Ilhéus, Sonilda Melo, admitiu nesta terça-feira (5), em entrevista ao programa O Tabuleiro, da Ilhéus FM, apresentado por Vila Nova, que o município enfrenta sérias dificuldades para contratar médicos de algumas especialidades, mesmo com credenciamento aberto e remuneração considerada compatível com o mercado. “Algumas especialidades a gente tem dificuldade. Nós abrimos um credenciamento de médicos e, para você ter uma ideia, não apareceu nenhum médico nefrologista, não apareceu nenhum neurologista, nenhum neuropediatra e nem reumatologista. Então, nessas especialidades realmente a gente está tendo problema”, afirmou Sonilda.
Questionada se a causa seria o valor da remuneração, a secretária reconheceu que pode haver influência nesse sentido, mas destacou que o município oferece salários considerados atrativos em relação a outras cidades da região. “Hoje a gente paga, para 20 horas, R$ 5 mil ao especialista; para 40 horas, R$ 10 mil. Os plantonistas recebem R$ 1.350 por 12 horas de plantão. Se fizer 24 horas, dá R$ 2.700. A gente pesquisou e Ilhéus, em relação aos outros municípios, não está pagando tão mal aos profissionais médicos”, explicou.
Segundo a gestora, a maior dificuldade está concentrada nas quatro especialidades mencionadas, apesar da demanda elevada, especialmente por neurologistas. “Hoje aqui em Ilhéus, pelo SUS, são só dois neuros cadastrados na nossa regulação, e a demanda é muito grande. Abrimos credenciamento e nenhum neuro se credenciou”, relatou.
Sonilda citou ainda a carência de reumatologistas e o impacto direto sobre pacientes com fibromialgia. “Temos o pessoal da fibromialgia, que tem uma necessidade urgente de reumato, porém a gente não está conseguindo. Então a nossa dificuldade não é que a gente não queira ofertar, é que não tem o profissional para a gente contratar. Aí fica difícil”, lamentou.
Sobre possíveis soluções envolvendo o governo estadual ou federal, a secretária disse que o município está trabalhando em um estudo para tentar ampliar o teto da média e alta complexidade (MAC). “O teto MAC de Ilhéus é três vezes menor que o de Itabuna. Nós recebemos pouco mais de R$ 3 milhões, Itabuna recebe mais de R$ 9 milhões. Já estamos fazendo esse estudo porque várias ações aqui são custeadas com recursos próprios do município. Estamos tentando habilitar e qualificar para mostrar ao Estado e à União que estamos atendendo e precisamos que esses recursos retornem”, explicou.
Apesar da dificuldade nas especialidades, Sonilda destacou que houve grande adesão ao último credenciamento de médicos e dentistas para a atenção básica. “Tivemos quase 300 médicos inscritos e uma quantidade enorme de odontólogos. Então, o que a gente percebe é que o problema está mais nas especialidades mesmo.”
Confira a entrevista completa:
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