Falta de documentação impede renovação da frota e compromete atendimentos

A precariedade da frota do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) em Ilhéus foi tema de debate no programa O Tabuleiro, da rádio Ilhéus FM, nesta quarta-feira (12). Em entrevista ao comunicador Vila Nova, o diretor regional do SAMU (Ilhéus-Valença), Jonathans Pinto, revelou que nenhuma ambulância do município possui documentação regularizada.

"Nenhuma ambulância é emplacada. Isso é uma dura realidade que a gente está passando, porque até pra gente conseguir renovar a nossa frota do SAMU, é obrigatório que a gente tenha essas ambulâncias documentadas", afirmou Jonathans. "Então são ambulâncias 'pokemón'", frizou Vila Nova. Segundo ele, até mesmo as ambulâncias sucateadas precisarão ser regularizadas para que o Ministério da Saúde autorize a renovação da frota.

Atualmente, Ilhéus conta com apenas duas ambulâncias em operação: uma unidade de suporte avançado e uma básica. O número está muito abaixo do ideal. “No mínimo, deveríamos ter seis ambulâncias: duas avançadas e quatro básicas”, explicou o diretor.

Além das duas em uso, outras seis ambulâncias estão inativas, agravando a situação do atendimento de urgência no município. Sem a regularização dos veículos antigos, não há possibilidade de solicitar novas unidades. "Tem que emplacar para que a gente consiga solicitar novas ambulâncias. Sem esse procedimento, o Ministério não libera", ressaltou Jonathans.

Sem documentação, as ambulâncias não podem ser seguradas, o que acarreta problemas graves para usuários e pacientes. Em caso de acidente, os ocupantes dos veículos não têm direito ao seguro DPVAT, que cobre despesas médicas e indenizações em casos de morte ou invalidez. Essa situação coloca ainda mais em risco quem já está em um momento de vulnerabilidade e precisa de atendimento de emergência

A crise na frota do SAMU em Ilhéus não é recente. Segundo Jonathans Pinto, o problema da falta de emplacamento das ambulâncias já se arrasta há anos. “Eu já trabalho no SAMU há mais de 10 anos. As últimas ambulâncias que eu vi emplacadas ainda foram da época do governo Jabes Ribeiro, dali pra frente nenhuma foi”, afirmou. Além disso, ele revelou que as irregularidades já foram alvo de diversas denúncias, incluindo investigações do Ministério Público e da Polícia Federal. Uma delas envolve uma ambulância de suporte avançado que existe apenas no papel. “Ela vem recebendo essa verba do Ministério da Saúde, mas nunca funcionou, nunca teve equipe para ela”, denunciou o diretor. A ausência desse veículo afeta não só Ilhéus, mas os outros nove municípios regulados pela base local do SAMU, que deveriam contar com esse suporte para atendimentos de alta complexidade.

Confira a entrevista completa:

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