ANTES DE IR VOTAR, SAIBA QUE ILHÉUS TEM A CHANCE DE ELEGER UM ABDIAS NASCIMENTO BAIANO PARA PREFEITURA.
Por Marcolino Vinicius Vieira*
Entre esquerda e direita, continuo pensando enquanto um jovem preto. A frase é uma adaptação da original dita pela filósofa Sueli Carneiro, em resposta a considerações de José Arbex sobre Celso Pitta (1946-2009), à época prefeito de São Paulo, que, acusado de corrupção, “saiu de casa com um cartaz dizendo que era perseguido por ser negro”.
Sueli Carneiro na ocasião afirmou: “Não me consta que o Pitta não tenha consciência de sua condição de negro. Não se tem notícia dele como ativista. (…) Somos seres humanos como os demais, com diversas visões políticas e ideológicas. Eu, por exemplo, entre esquerda e direita, continuo sendo preta” (“Caros Amigos” n° 35, fevereiro de 2000).
Custou-me muitíssimo concluir o pensar sobre as eleições deste turvo ano. Reflexões, conversas, diálogos coletivos e perspectivas de pessoas que são conselheiras em meu existir enquanto jovem negro, periférico, ativista e acadêmico pesou nessa conclusão.
Nunca antes na história pré escravista cacauicultora sul baiana ou pós redemocratização, ilhéus teve essas duas oportunidades. De poder votar em candidaturas negras para a prefeitura seja uma chapa puro sangue de duas pretas, ou seja uma chapa conjunta com um ilheense branco não-herdeiro do escravismo cacauicultor tendo como vice um negro, senador suplente da república negro, intelectual negro e sindicalista negro. Óbvio que é propositais repetidas vezes o chamá-lo de negro. É para lembrar que a simples condição de negritude no campo de esquerda deste candidato a vice está, na Bahia, em ilhéus, nesta geração, executa o papel ancestral em que Abdias Nascimento realizava nas décadas entre 1940 e 1990. Durante todo o processo de redemocratização, desde a resistência ao regime militar, o movimento negro se mobilizava e participava da reorganização da política brasileira com base em estruturas democráticas: a construção da chamada “Nova República”. Desde os tempos do exílio, Abdias Nascimento já vinha insistindo dizendo que o negro não esteve sob um regime autoritário apenas durante os vinte anos de governo militar. Concordo com Abdias que estamos sob o regime do autoritarismo há mais de 500 anos. Para nós, todos os governos, todos os regimes deste País têm sido ditatoriais, autoritários. Tenhamos em mente esse dado fundamental nessa organização social e política do nosso país em contínua construção iniciada no período de nascença da constituição cidadã de 1988 até os dias atuais. Continuo concordando com o senador Abdias de que os negros são quem construíram com sangue, suor, lágrimas e muito sofrimento este País e são considerados cidadãos de segunda classe, marginalizados e vitimizados desde mil oitocentos e oitenta e oito com pouco ou nenhum acesso aos espaços de poder, decisão e cidadania. Nos condenam com uma invenção equívoca e mentirosa de racismo reverso, quando advogamos o nosso direito de igualdade, o nosso direito de nos vermos representados em todos os níveis de poder.
Toda essa percepção da fala de Abdias Nascimento parece ser destes anos dois mil, mas foi em vinte e dois de outubro de mil novecentos e oitenta e três em pronunciamento na Câmara dos Deputados em Brasília que Abdias dizia que, enquanto não existir a presença negra em todos os níveis de poder, em todas as instituições deste País, estaremos aqui clamando: este Brasil não tem o direito de falar em democracia. Sueli Carneiro, Abdias Nascimento e Lélia Gonzáles sempre estiveram certos e continuam atuais suas palavras. Portanto, evocando meu lugar de fala de um jovem negro, periférico, do qual sou alvo do genocídio da juventude negra que mata a cada vinte e três minutos, peço a você que tenha um ato antirracista nessas eleições. Contribua nesse processo de abolição eleitoral que acontece em ilhéus. Antes de ir votar, saiba que ilhéus tem a chance de eleger um Abdias Nascimento baiano para prefeitura.
*Marcolino Vinicius Vieira é Poeta Ilheense, graduando em Gestão Pública pela Universidade Salvador, Bacharelando em Humanidades pela Universidade Federal Internacionalista (UNILAB) e Evangélico Coordenador Nacional dos Cristãos Contra o Fascismo.
Resposta de Eliezer Júnior
Fato é que o Brasil tem uma "divida" histórica com o povo negro, decorrente de mais de 3 séculos de escravidão, exclusão e por fim discriminação. A sociedade luso-brasileiro se estruturou sob o prisma racista para justificar domínio e privilégios aos colonizadores branco. Inviabilizando todas as possibilidades de negros e negras acessarem condições de vida mais digna, o racismo impede aos afrodescendentes o direito à moradia, à saúde, ao trabalho e sobretudo à educação, que ao meu ver, é uma das mais importante política pública para construção de uma sociedade justa.
★ ★ ★ ★ ★ Em 20-11-2021 às 05-58h 5Resposta de Roger
Esse garoto é aquele que jogou ovo no governador? Gostei kkkk muito inteligente o que ele diz aí parabéns rapaz vá em frente e Jesus te guie
★ ★ ★ ★ ★ Em 13-11-2020 às 14-53h 5