Episódio real, comparado ao enredo de Bacurau, marcou a cidade em 1907 Foto Museu Aeroespacial/FAB

Hoje, 25 de novembro, completam 118 anos de um dos episódios mais surpreendentes e pouco lembrados da história de Ilhéus. Em 25 de novembro de 1907, a cidade viveu um ataque inusitado, protagonizado por estrangeiros armados, um acontecimento real que, atualmente, lembra o enredo do filme Bacurau.

Era quase hora do almoço quando nove homens, alguns usando fardas do exército americano, chegaram montados a cavalo ao centro da cidade. Armados com pistolas e metralhadoras, eles atiraram contra prédios públicos e contra quem passava pelas ruas. As motivações do grupo nunca foram totalmente esclarecidas, mas a repercussão foi imediata: o caso chegou ao jornal The New York Herald e levou o Barão do Rio Branco a dar uma resposta oficial do governo brasileiro.

Assim como na ficção, houve reação imediata. Comerciantes, moradores e jagunços enfrentaram os invasores, trocando tiros no centro da cidade. Em uma região marcada pelos conflitos dos coronéis do cacau, a defesa se organizou rapidamente.

Sem conhecer bem o território, os atacantes foram capturados ainda no mesmo dia, no distrito de Almada, por uma diligência da Polícia Militar. O grupo era liderado pelo brasileiro Sebastião Magalhães, conhecido como Magali, que teria registrado por escrito a intenção de “estabelecer um governo estadual honesto na Bahia”. A versão mais aceita aponta que a ação buscava desestabilizar o governo de José Marcelino de Sousa, em meio à política dos governadores.

O episódio está registrado no livro Crônica da Capitania de São Jorge dos Ilhéus, de João da Silva Campos.