A iniciativa, que deve começar a operar até o fim de agosto, nasce de uma parceria inédita entre o setor produtivo e a segurança pública

O campo respira alívio. Depois de anos lutando contra roubos de carga, invasões de propriedades e estradas escuras que facilitam a ação de criminosos, os cacauicultores da zona rural norte de Ilhéus estão perto de ver um antigo pleito se tornar realidade: um sistema de vigilância 24 horas que promete revolucionar a segurança no interior do município. Nesta sexta-feira, 11, produtores rurais, líderes políticos e comandantes da Polícia Militar se reuniram para acertar os últimos detalhes de um projeto ousado — bancado pelos próprios cacauicultores em parceria com a indústria moageira — que colocará cerca de mil câmeras de monitoramento em pontos estratégicos da região, todas ligadas a uma central de inteligência policial.  

A iniciativa, que deve começar a operar até o fim de agosto, nasce de uma parceria inédita entre o setor produtivo e a segurança pública. Enquanto os produtores financiam os equipamentos, a PM garante a operação e o pronto-atendimento. "Não é só um investimento em tecnologia, é um investimento na paz de quem vive e trabalha no campo", afirmou o tenente-coronel Vasco, idealizador do projeto e comandante da Companhia 70, responsável pelo policiamento da área.  

Soluções e Compromissos  

O vereador Nal Araújo, presente no encontro, assumiu o compromisso de levar as demandas das estradas ao prefeito Valderico Júnior. Já o ex-vereador Augustão, representando as moageiras, garantiu apoio para viabilizar o projeto. "Não é só sobre proteger o cacau, é sobre proteger vidas, famílias que trabalham nessas terras há gerações", disse Nal Araújo.  

A primeira fase do projeto beneficiará 30 propriedades, monitorando barcaças, armazéns, acessos e até ramais — pontos críticos para furtos e invasões. "Qualquer alarme disparado, teremos viaturas a caminho em minutos", explicou o tenente-coronel Vasco. A previsão é que, até o fim de agosto, as câmeras já estejam em operação.  

Um Modelo para o Futuro  

O coronel Ferreira Lopes acredita que, se bem-sucedido, o projeto pode se expandir para toda a zona rural de Ilhéus. "Isso mostra como a união entre poder público e iniciativa privada salva vidas", afirmou.  

Enquanto os detalhes finais são acertados para a próxima reunião, marcada para o dia 25 de julho, os cacauicultores deixaram o encontro com um sentimento raro nos últimos anos: otimismo. "Finalmente teremos paz para produzir", resumiu o Dr. Eusínio Gesteira. Em breve, toda a população rural, propriedades e a produção de cacau serão vigiadas por olhos eletrônicos — e, mais importante, por uma rede de gente que decidiu não mais esperar, como destacou o cacauicultor Joca Alves