A notícia levanta uma série de questões sobre a segurança viária, a eficiência do transporte e o compromisso do governo com a execução de projetos de infraestrutura

Nos últimos meses, a Secretaria de Infraestrutura do Estado da Bahia (Seinfra-BA) tem estudado a possibilidade de liberar o tráfego na BA-649, trecho que liga Ilhéus a Itabuna, antes da conclusão de todas as obras planejadas. Essa notícia, obtida com exclusividade pelo site PIMENTA, levanta uma série de questões sobre a segurança viária, a eficiência do transporte e o compromisso do governo com a execução de projetos de infraestrutura.

A BA-649 é uma das mais significativas intervenções em infraestrutura de trânsito no sul da Bahia nas últimas décadas, com um investimento de R$ 196 milhões. O projeto contempla não apenas a duplicação de trechos importantes, mas também a construção de quatro pontes e um viaduto, essenciais para o funcionamento integrado do sistema viário local. 

As obras enfrentam desafios, incluindo atrasos e processos licitatórios complicados, que resultaram na inadimplência da empresa anteriormente contratada.

A Proposta de Liberação e seus Riscos

A possibilidade de liberar a BA-649 antes que as obras sejam completadas — com apenas as pontes 1 e 4 conectando a rodovia à BR-415 — é uma decisão que promete uma solução rápida, mas que pode comprometer a segurança dos motoristas. A Seinfra-BA argumenta que se trata de uma medida provisória, mas essa medida pode não ser suficiente para garantir a fluidez e a segurança no trânsito, especialmente considerando que três das cinco conexões necessárias entre as rodovias não estarão disponíveis.

Liberar o tráfego sem a conclusão das pontes 2 e 3 e do viaduto pode gerar congestionamentos, aumentar o risco de acidentes, além de dificultar a gestão do tráfego na região. O conceito de “sistema binário” que a obra pretende implementar se baseia na alternância de direções de tráfego entre as rodovias estadual e federal, um plano que corre o risco de se tornar inviável sem a conexão adequada entre os elos.

Atrasos e Respostas Governamentais

O governador Jerônimo Rodrigues (PT) já reconheceu os problemas enfrentados nas obras. O atraso na execução e a execução incompleta podem levar a faturas mais altas, não só em termos financeiros, mas também em segurança pública. Além disso, a contínua reavaliação das obras em diferentes etapas pode se tornar mais um fator de ineficiência na administração do governador.

As datas previstas de conclusão das obras, neste caso, são indicativas — a duplicação de acessos e a implantação das pontes e viaduto, com prazos de finalização para maio de 2025, ainda pendem de respeitáveis fatores e variáveis que podem se transformar em novos imprevistos. Nesse cenário, a pressa em liberar o tráfego pode parecer uma medida populista com objetivo de tentar melhorar a imagem do governo no sul da Bahia já que muitas obras estão paralisadas.

Uma Alternativa Viável?

O ideal seria que as operações viárias fossem liberadas apenas após a conclusão de todas as etapas das obras. Isso garantiria uma experiência de tráfego segura e eficiente para todos os usuários da rodovia. Uma comunicação clara do governo sobre os progressos feitos, junto com um planejamento eficaz para contornar o atraso nas obras, poderia assegurar maior confiança da população na administração e na qualidade das intervenções.

Com a proposta de liberação provisória da BA-649, o governo da Bahia precisa considerar não apenas os prazos e orçamentos, mas também o impacto social e a segurança de sua população. A pressa pode resultar em sérios problemas à infraestrutura e à confiança pública na gestão governamental. É preciso que o foco esteja na finalização adequada e segura das obras, ao invés de soluções temporárias que podem agravar mais do que resolver.