HÁ 83 ANOS, NAVIO ITACARÉ NAUFRAGAVA EM ILHÉUS

A embarcação 'Itacaré', da empresa Policultora, foi açoitado por enormes vagalhões e emborcou completamente ficando com o casco virado para cima.
Há 83 anos, Navio Itacaré naufragava em Ilhéus. O fato aconteceu no dia 23 de Agosto de 1939. Na manhã desta terça-feira, no programa Otabuleiro da Ilhéus FM o comunicador Vila Nova deu a notícia dos 83 anos da tragédia que movimentou a sociedade Ilheense da época
A embarcação 'Itacaré', da empresa Policultora, foi açoitada por enormes vagalhões e emborcou completamente ficando com o casco virado para cima.
A catástrofe foi presenciada por pessoas que se encontravam na Avenida Soares Lopes e a notícia correu rapidamente pela cidade.
Em meio às ondas eram vistos os destroços do iate e náufragos tentando salvar-se. Canoas, lanchas, barcos e saveiros saíram do Pontal para salvar as vítimas, o comércio fechou as portas e verdadeiras multidões se formaram na Avenida e nos morros da cidade para acompanhar as cenas da catástrofe.
Às dez horas as turmas de salvamento trouxeram os primeiros mortos e sobreviventes. Todos os médicos da cidade mobilizaram-se para atender as vítimas no Ilhéus Hotel, Farmácia Central, Hospital São José e Casa de Saúde São Jorge. A lista de passageiros não era conhecida e os boatos mais desencontrados intranqüilizavam a população.
A pedido do Prefeito Mário Pessoa a Secretaria de Segurança Pública transmitiu a lista dos passageiros pelo rádio: viajavam no Itacaré 47 passageiros e 22 tripulantes. Os mortos eram transportados para o edifício do antigo Hotel Coelho, na Praça Luis Viana, hoje Praça Dom Eduardo, em frente ao Cine Teatro Ilhéus, muitas pessoas que na hora do naufrágio se encontravam nos camarotes, não conseguiram sair e ficaram trancadas sem poder se retirar. As equipes de salvamento tentavam desesperadamente cortar o casco do navio com marretas e maçaricos sem conseguir, no final da tarde quatro pessoas conseguiram sair pelas vigias, entre elas o Tenente Efigênio Matos e a professora Maria Joana de Souza.
A família Badaró socorreu seis náufragos em sua residência no morro de Pernambuco. O comandante do Itacaré, Carlos José Oliveira e o comissário de bordo, Gregório, foram conduzidos para a residência de Arquimedes Amazonas, no Pontal. À noite se ouvia do morro de Pernambuco os pedidos de socorro das pessoas que se encontravam, presas no casco do iate submerso. Às 10 horas da manhã do dia 24 foram sepultados, no Cemitério da Vitória, os corpos de doze vítimas da catástrofe, entre elas cinco filhos do casal José e Alexandrina Pinheiro, que perderam no naufrágio onze filhos, seis morreram presos dentro do navio.
O total de vítimas do naufrágio chegou a trinta pessoas, entre passageiros e tripulantes. Entre as vítimas estavam o Tenente Otto do Nascimento Rhem e o Cônego Joaquim Diamantino, vigário da Paróquia de Catú.
O naufrágio do Itacaré, por causa da grande tragédia que foi, repercutiu em todo o país e causou revolta na população de Ilhéus contra a firma que agenciava o iate, acusada de negligência e irresponsabilidade. A opinião geral apontava a falta de lastro como causa principal da catástrofe, dizia-se que na viagem anterior para Salvador o iate viajara sem lastro a fim de levar um volume maior de carga e que, na volta, mais leve, sem estabilidade suficiente, virou ao impacto das ondas na entrada da barra.
Foram apontados como responsáveis pela catástrofe o Comandante do iate, o armador e o prático da barra de Ilhéus. Dois anos depois os acusados foram inocentados pelo Tribunal Marítimo do Rio de Janeiro.
No dia 26 deveria se realizar a “Passeata do Silêncio”, da Praça Firmino Amaral até o Cemitério da Vitória, a manifestação foi proibida pela Secretaria de Segurança Pública, com medo de retaliações, tanto que soldados guardavam o edifício onde funcionava a firma Correia Ribeiro & Cia., agente do Itacaré.
Um dos grandes heróis do naufrágio foi o ilheense Waldemar (Vavá) Virolli, ex-marinheiro, que ganhou uma medalha de Honra ao Mérito, medalha de ouro, num programa da Radio Nacional do Rio de janeiro, que homenageava os autores de grandes façanhas, por causa dos salvamentos que fez, Waldemar era uma grande figura, morava na Fonte da Cruz, baixinho, bebia demais, um dos seus divertimentos era nadar até a pedra do rapa.
A Cruzada do Bem pelo Bem organizou uma campanha de ajuda aos sobreviventes do naufrágio e a família Badaró mandou construir um cruzeiro no morro de Pernambuco, na entrada da barra, em frente ao local do naufrágio.
Texto de Alfredo Amorim
Resposta de José Afonso Ganem Baltazar
Hoje, aos 75 anos, lembro desse naufrágio, contado nos detalhes por meu avô José Ganem e minha mãe, ambos moradores de Ilhéus na época. Há tempos atrás fui pescar de barco na Pedra de Ilhéus, e lembrei desse fato ao constatar a força da correnteza e a perícia exigida para entrar na barra de Ilhéus.
★ ★ ★ ★ ★ Em 23-12-2024 às 10-37h 5Resposta de Geraldo Carvalho Silva filho
Interessante, meu avô,.iria embarcar nesse navio, com seus 8 filhos. Só não o fez porque chegou atrasado. Eu fiquei sabendo desse episódio por minha mãe. Como a minha mãe já estava com idade avançada, não dei muito crédito. Porém, pela curiosidade fui pesquisar. Fiquei surpreso com a verdade dos fatos. Meu avô tinha saído de muda de Pernambuco com a sua família. Naquela época na década de 30, havia essa opção de transporte. Nessa época minha mãe era uma das caçulas, tinha 5 anos. Meu avô foi um dos desbravadores da região sul da Bahia. Posteriormente ao longo dos anos, tornou-se conhecido como o fundador do Bairro Odilon em Itabuna. Eu sou o Geraldo e neto do senhor Odilon estou com. 63 anos. 35 dos quais trabalhei na Coelba. E meu avô se tivesse nesse navio, provavelmente, talvez, não seria parte da História de Itabuna e Bahia.
★ ★ ★ ★ ★ Em 07-12-2024 às 21-06h 5Resposta de Alan dos santos
Meu avô tenente Efigênio Mattos, foi um dos sobreviventes do naufrágio ????
★ ★ ★ ★ ★ Em 14-11-2023 às 11-13h 5Resposta de Gil
Parabéns Fefeu pela matéria
★ ★ ★ ★ ★ Em 23-08-2022 às 15-18h 5Resposta de Alderacy Pereira da Silva Junior
Seu Alfredo Amorim, parabéns pelo texto e por sua pesquisa histórica. Vou encaminhar a prováveis interessados
★ Em 23-08-2022 às 13-57h 1Resposta de Alba Cristina Pereira Santos
Meu avô foi um dos pescadores que lutaram para salvar o Itacaré. Ele tinha pesadelos com os gritos dos presos no navio. Eu ouvia esse história quando pequena, apesar de ser itabunense e sempre ia até a cruz para reverenciar os falecidos junto com meu pai, Alfa Santos que foi jornalista e locutor em Ilhéus e Itabuna. Esse é um pedacinho da história que nunca deve ser esquecido. Como ia demais naufrágios escondidos nas areias da baía do pontal. Parabéns aos que nunca deixam esquecer a história de a Ilhéus.
★ ★ ★ ★ ★ Em 23-08-2022 às 11-49h 5