A apresentação oficial ocorreu na última segunda-feira (4), no Teatro Municipal de Ilhéus

A cidade de Ilhéus foi escolhida para ser a segunda da Bahia a receber o projeto Unidos Contra a Dengue, uma iniciativa inovadora do Ministério da Saúde em parceria com a ONG Instituto Embaixada Verde. A apresentação oficial ocorreu na última segunda-feira (4), no Teatro Municipal de Ilhéus, e foi detalhada pela secretária de Saúde, Sonilda Melo, durante entrevista ao programa O Tabuleiro, da Ilhéus FM, nesta terça-feira (5). “É um projeto inovador, sem custo nenhum para o município, que vai ter um grande impacto no controle da dengue, zika e chikungunya em Ilhéus”, afirmou Sonilda.

Segundo ela, a cidade foi escolhida por apresentar índices epidemiológicos muito acima do recomendado pelo Ministério da Saúde. “O Ministério preconiza até 1% de infestação predial. Nós estamos com 3,9%”, alertou.

O projeto prevê a instalação de 500 armadilhas inteligentes espalhadas pela cidade, especialmente nos bairros com maior índice de infestação. As armadilhas têm três funções distintas, cada uma com um papel específico no combate ao mosquito Aedes aegypti.

A primeira armadilha captura ovos dos mosquitos para análise em microscópio, com o objetivo de identificar qual espécie está circulando em Ilhéus. “O Aedes que temos aqui pode ser diferente do que está, por exemplo, em Vitória da Conquista”, explicou a secretária.

A segunda armadilha é o grande diferencial do projeto: nela, a fêmea do mosquito pousa e é contaminada com um tipo de pó, inofensivo aos humanos, que ela leva consigo e dissemina em locais de difícil acesso, como calhas, bueiros e terrenos baldios. “Esse pó vai se espalhando entre as fêmeas, e em cerca de 15 dias, essas fêmeas contaminadas morrem. É uma estratégia de eliminação indireta do mosquito”, detalhou.

A terceira armadilha, chamada de “armadilha belga”, será instalada em locais de atendimento à população, como a UPA de Ilhéus. Nela, também serão coletadas amostras para análise de presença e tipos de mosquitos, ajudando a mapear a infestação com mais precisão.

Vila Nova alertou para a importância do apoio da população. “Vamos pedir à comunidade que não retire as armadilhas. Não é enfeite. É um estudo científico e precisa do apoio de todos”, disse. Ele também foi enfático ao atribuir parte da responsabilidade à sociedade. “Se ainda temos índices altos de infestação, a culpa é da população. Todo mundo já sabe o que deve ser feito: limpar quintais, cuidar das calhas, não deixar água parada.”

A secretária explicou que locais abandonados e casas fechadas dificultam a atuação dos agentes. “Os nossos agentes não podem entrar em imóveis fechados sem autorização. E mesmo com ordem judicial, isso demanda tempo, e o combate precisa ser imediato.”

Ilhéus foi escolhida após análise de dados do Ministério da Saúde, e a prefeitura aderiu prontamente. “O prefeito aceitou de imediato. É um projeto que pode salvar vidas. Tivemos, infelizmente, um caso com sinais clássicos de dengue hemorrágica, mas o paciente não procurou atendimento no tempo certo e veio a óbito”, lamentou Sonilda.

A cidade agora contará com uma central de monitoramento em tempo real, que vai acompanhar todo o trabalho dos agentes e técnicos responsáveis pela instalação das armadilhas. “É uma operação de guerra. Não dá para tratar como se fosse um mosquitinho qualquer. É um inimigo que nos ataca dormindo, trabalhando, a qualquer hora. Precisamos combater com seriedade”, concluiu.

Confira a entrevista completa: 

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