PALACETE CORONEL AURELIANO BRANDÃO PINTO: ENTRE O ABANDONO E A BUROCRACIA
Imóvel histórico leiloado em 2024 segue sem autorização para intervenção
Uma árvore cresce no interior do Palacete Coronel Aureliano Brandão Pinto, na Rua Conselheiro Dantas e, com suas raízes, racha a parede de um dos imóveis mais elegantes do centro de Ilhéus. A cena, simbólica e dolorosa, traduz o estado de abandono de um prédio que já foi sinônimo de imponência e história.

O elegante, porém degradado, Palacete da Rua Conselheiro Dantas já abrigou a Marinha Mercante e foi cedido à Prefeitura em 2018 para uso público. Hoje, o prédio histórico exibe sinais de abandono: rachaduras, infiltrações e até uma árvore crescendo no interior da estrutura, rachando parte da parede.

Em diversos momentos, o imóvel serviu de abrigo para pessoas em situação de rua e ponto de descarte de entulho. O edifício foi leiloado em 26 de junho de 2024, por R$ 2 milhões.
O atual proprietário afirma estar impossibilitado de realizar qualquer intervenção devido à falta de autorização da Prefeitura de Ilhéus. Segundo ele, o pedido de licença para limpeza foi protocolado em novembro de 2024, mas até o momento não houve liberação.
Um novo pedido foi feito em caráter de urgência, diante do risco de acidentes, e o processo segue pendente de análise pelo Conselho de Cultura.
O impasse burocrático reforça a dificuldade de manter viva a memória arquitetônica de Ilhéus, onde o tempo e a inércia ameaçam apagar os últimos vestígios do passado.
"Deixa uma imagem negativa para a cidade, né? Uma cidade que é conhecida mundialmente, é bom ter representatividade, né? A pessoa que chega aqui tem que ver uma cidade bem organizada, uma cidade limpa, os prédios ornamentais, pintadinhos', declarou o taxista José Carlos.
A história do Palacete revela um dilema que ultrapassa os muros do prédio: a falta de diálogo entre o poder público e a iniciativa privada, que poderia transformar ruínas em espaços vivos de memória e cultura. Enquanto os papéis se acumulam, a estrutura se desfaz, lembrando que a burocracia também destrói.
Na sequência da série, a reportagem mostra o antigo prédio da União Protetora dos Artistas, um dos marcos do início do século XX que hoje agoniza em Aruínas.
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