PEDRO MATTOS: O ARTISTA ILHEENSE QUE FEZ DA ARTE SUA VIDA
No dia 18 de setembro, Ilhéus lembra o aniversário de um de seus maiores nomes da cultura
Em 18 de setembro de 1944, na Rua Carneiro da Rocha, nº 55, em Ilhéus, nascia Pedro Augusto Vital Mattos, que no meio artístico ficou conhecido como Pedro Mattos e, para os amigos, simplesmente Pedrinho. Terceiro filho de Carlos Frederico Monteiro de Mattos e Aurora Vital Mattos, cresceu ao lado dos irmãos mais velhos, Luciano Carlos e Lúcia Maria.
Desde cedo, a educação foi um pilar em sua trajetória. Estudou no Instituto Municipal de Educação (IME), concluiu o curso ginasial, seguiu para Salvador, onde fez o científico no Colégio Manoel Devoto e o clássico no Severino Vieira. A paixão pelo teatro surgiu quando ainda era ouvinte das aulas na Escola de Teatro, no bairro do Canela, em Salvador. Incentivado pelo teatrólogo Alberto D’Aversa, seguiu para São Paulo e mergulhou nos estudos da arte dramática.
Na capital paulista, entre as décadas de 1970 e 1980, acumulou formações em teatro, criatividade, publicidade, mímica e dinâmicas educacionais. Fundou o Grupo de Teatro Anhangá, deu aulas de arte dramática e viveu intensamente os palcos, o cinema e a televisão. Atuou em peças de grandes autores como Plínio Marcos, Oswald de Andrade, Anton Tchekhov e Maria Clara Machado, além de participar do filme Daniel, Capanga de Deus, ao lado de Regina Duarte.
Em 1979, diagnosticado com câncer na garganta, retornou a Ilhéus. Longe de se afastar da arte, consolidou-se como referência no teatro amador, com trabalhos também em Salvador, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outras cidades. No sul da Bahia, esteve à frente de montagens históricas como A Bruxinha que Era Boa, Paixão de Cristo, O Boi e o Burro a Caminho de Belém e inúmeros espetáculos de dança e música.
A trajetória de Pedrinho não se limitou ao palco. Foi professor, diretor, coordenador cultural e colunista. Liderou projetos como o “Chapéu de Palha”, foi presidente da Sociedade de Arte e Cultura de Ilhéus (SACI), dirigiu o Teatro Municipal de Ilhéus e coordenou iniciativas que levaram a arte para comunidades, escolas e cidades vizinhas. Entre seus alunos, formou talentos como o ator Fábio Lago.
Na televisão, destacou-se com participação na novela Renascer (1992/93), gravada em Ilhéus. Na vida cultural, foi reconhecido pelo Prêmio Especial do Troféu Jupará em 2002. Em sua homenagem, a Casa dos Artistas batizou uma de suas salas de teatro com o seu nome. Outro tributo marcante à sua memória está na Praça Pedro Mattos, localizada em frente ao Teatro Municipal de Ilhéus, um espaço que eterniza sua contribuição à cultura da cidade.
Irreverente, apaixonado pela cultura e dono de respostas afiadas, Pedro Mattos deixou histórias memoráveis que revelam sua autenticidade e coragem em assumir quem era, sem abrir mão do respeito por si mesmo e pelo próximo.
Pedro Mattos faleceu em 29 de junho de 2002, vítima de infecção generalizada. Seu velório reuniu amigos de diversas partes do Brasil, e até um padre interrompeu uma missa para abençoar o corpo do artista no Cemitério da Vitória.
Hoje, 18 de setembro, data em que completaria mais um aniversário, OTabuleiro e Ilhéus celebram a memória de um homem que fez da arte sua vida e deixou um legado imensurável para o teatro, a cultura e a história da cidade.
Resposta de Joaquim Bastos
Fato marcante da sua trajetória artística, dirigiu a peça teatral O Auto do Descobrimento, do escritor Jorge de Souza Araújo e trilha sonora de Jonga Fialho em parceria com Saul Barbosa. A peça teve sua apresentação principal em Porto Seguro, dia 22 de abril de 1980, com as presenças do Governador e da Bahia Antonio Carlos Magalhães, do Consul de Portugal na Bahia, do Embaixador de Portugal no Brasil dentre outras personalidades. Coordenação do Escritório de Projetos/FESPI .
★ ★ ★ ★ ★ Em 18-09-2025 às 20-03h 5