Segundo ele, o RNP AR (Authorization Required) é um procedimento de navegação que permite a operação de aeronaves em condições de baixa visibilidade

O alto custo das passagens aéreas e a quantidade de voos em Ilhéus foram temas nesta quinta-feira, 28 de novembro, do programa O Tabuleiro, da rádio Ilhéus FM. O comunicador Vila Nova destacou que é muito mais barato viajar para fora do país do que desembarcar aqui em Ilhéus. O piloto internacional Alexandre Mendes, que já atuou em grandes companhias como Latam e Gol e hoje trabalha na Europa, participou do programa e explicou os motivos que levam o encarecimento das passagens. Mendes explicou que um dos fatores que elevam os preços dos bilhetes aéreos é o limite operacional imposto pelo aeroporto de Ilhéus. As empresas que operam em Ilhéus utilizam aviões de médio porte, mas não conseguem ocupar sua capacidade total. Por exemplo, um avião com 186 lugares só pode decolar com 170 passageiros por conta do peso permitido para o aeroporto, e isso gera um prejuízo, que é repassado ao custo das passagens. "No momento em que o piloto programa o avião para decolar, no solo ainda parado, embarcando, a gente tem informação de qual é a temperatura, pressão, vento e o peso que o avião vai decolar. Quando a gente coloca isso nos sistemas do avião, ele calcula para essa condição de metrologia e para essa condição de peso o avião não decola. Então existem companhias que oferecem em Ilhéus um avião de 186 lugares, mas que só pode decolar com 170 passageiros, ou seja, 16 a menos que a capacidade total do avião, por conta de que do peso. Então para começar, um dos fatores que deixa a passagem mais cara, é que a empresa sempre sai de Ilhéus perdendo 16 passageiros", explicou.

Outro ponto levantado foi a falta de equipamentos de aproximação na pista, o que aumenta a probabilidade de voos serem redirecionados para outras cidades, como Salvador, em dias de mau tempo. Para o avião para pousar, é obrigatório que o piloto veja a pista, para efetuar o pouso com segurança e legalidade. “Hoje, os aviões em Ilhéus precisam estar a 7 km da pista para que o piloto consiga vê-la e pousar com segurança. Em aeroportos mais equipados, como Salvador, essa distância cai para 800 metros. Isso aumenta a chance de o avião não conseguir pousar aqui. Quando você afasta 7 km da pista e joga isso para cima, o avião está tão alto que ele ainda está dentro das nuvens em dias de chuva. E isso é que faz com que o piloto não veja a pista e vá embora. Ele precisa arremeter. Aí o piloto, dentro das condições meteorológicas, vai dizer se vai esperar um pouco ou vai logo para Salvador. Hoje o piloto nem está esperando. Porque as empresas estão colocando um combustível suficiente para aquele voo e não para esperar uma hora, duas horas”, afirmou Mendes. Quando um avião alterna para outro aeroporto por não conseguir pousar em Ilhéus, as consequências são custosas para as companhias aéreas. Em casos de alternância, a empresa precisa arcar com custos de hospedagem, refeições e transporte para os passageiros, além de possíveis prejuízos com voos não realizados. Esses prejuízos, logo, são repassados para os valores das passagens. O piloto destacou que o aeroporto de Ilhéus precisa de um instrumento de aproximação. "Isso reduziria as arremetidas e melhoraria a eficiência das operações”, disse.

Segundo Mendes, esse equipamento já custou 15 milhões de dólares e o investimento era alto para manter. Atualmente, com o avanço da tecnologia, não é mais necessário ter nenhum equipamento na pista de Ilhéus. "Esse equipamento todo, a tecnologia substituiu pelo GPS. O tipo que eu estou falando é o RNP AR. Então hoje a gente faz aproximações pelo GPS através de sinais GPS tão precisos, tão corretos, que é possível que a gente aproxime até menos de 800 metros da pista, mais perto ainda do que Salvador aproxima, que tem esse equipamento caríssimo. O governo brasileiro, através do Ministério da Defesa e seus departamentos que cuidam da aviação, podem se juntar e trazer para Ilhéus, assim como fizeram nos aeroportos do Rio de Janeiro, de Joinville, de Caxias do Sul, vários lugares que foram contemplados no Brasil. Basta que venha um avião do próprio governo, com a tecnologia que o governo já tem, não precisa gastar um centavo da prefeitura ou do administrador local do aeroporto", contou. O GPS vai reduzir o número de voos desviados, pois as arremetidas e alternâncias seriam reduzidas em até 95%, garantindo maior previsibilidade operacional, e pode aumentar a capacidade do aeroporto, já que o sistema permite operações noturnas, possibilitando mais voos com tarifas reduzidas (30% a 40% menores). Para o piloto, a aquisição desse GPS só poderá ser feita por meio de uma articulação política com o Ministério da Defesa.

Confira a entrevista completa:

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