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POSSÍVEIS MOTIVOS DO DESLOCAMENTO DE CARANGUEJOS NAS CIDADES DE ILHÉUS E CANAVIEIRAS APÓS AS CHUVAS

POSSÍVEIS MOTIVOS DO DESLOCAMENTO DE CARANGUEJOS NAS CIDADES DE ILHÉUS E CANAVIEIRAS APÓS AS CHUVAS
Por: Redação O Tabuleiro
Dia 07/01/2022 11h30

O registro da grande movimentação da população de caranguejos nas cidades de Ilhéus e Canavieiras gerou curiosidade e espanto.

De acordo com as comunidades tradicionais e pesquisadores, uma das possíveis causas seria o aumento de água doce nos mangues, na qual causou mudança brusca de salinidade, inundação das áreas/tocas, redução da oxigenação das águas, mudança de PH, desequilíbrio biológico e a necessidade de reprodução em larga escala para garantir a perpetuação espécie.

O impacto das enchentes afetou as espécies estuarinas que vivem nos mangues, causando um número elevado de morte de peixes, crustáceos e plantas. Pesquisadores da Universidade Federal da Bahia – UFBA, em parceria com o ICMBio, estão analisando a qualidade das águas. A Universidade Estadual do Maranhão está articulando pesquisas toxicológicas no pescado. 

De acordo com o pesquisador Doutor da UFBA, Miguel Accioly, a hipótese de contaminação é viável, mas pouco provável, pois com a enchente há diluição muito grande pelas águas. O tipo de sedimento em suspensão e a falta de oxigênio na água é a hipótese, até agora, mais provável para a mortalidade dos peixes e crustáceos, informa. Miguel também ressalta que excesso de matéria orgânica nas águas pode causar a mortalidade.  

De acordo com informações do pesquisador Doutor da Universidade Federal do Sul da Bahia – UFSB, Anders Schmidt, desde 1°de janeiro de 2022 são registrados movimentos em massa de caranguejos-uçá, em diversas localidades do sul da Bahia. Ele diz que os caranguejos “estão se deslocando fora dos manguezais, em praias, barrancos, restingas e outras vegetações não nativas” e isso seria um movimento anormal.

As causas deste raro fenômeno, segundo Anders, ainda são pouco compreendidas e múltiplos fatores podem estar atuando de forma sinérgica. Um dos fatores pode estar ligado à salinidade da água. Embora populações de caranguejo em outros locais possam habitar normalmente manguezais com água com salinidade próxima de zero, este não é o caso da maioria das populações do Sul e Extremo Sul da Bahia. Assim, o stress decorrente da mudança brusca de salinidade pode ter levado ao deslocamento dos caranguejos para fora do manguezal.  

O pesquisador considera que outro importante fator que deve ser considerado é o alagamento permanente da área de manguezal decorrente da enchente. Independentemente da salinidade, o ritmo biológico do caranguejo-uçá envolve a submersão nos períodos da preamar e a realização de atividades fora da água durante os períodos da baixamar. Dentre estas atividades, destaca-se a oxigenação das câmaras branquiais, que ocorre na interface entre a água e o ar.

Relatos de Canavieiras indicam que, devido à enchente, muitos bosques de manguezal estão permanecendo alagados mesmo durante os períodos em torno da baixamar, afetando o comportamento normal dos caranguejos e levando ao deslocamento para outros ambientes adjacentes. 


RECOMENDAÇÕES:

 

•          Todas as ações sejam realizadas em sincronia com os órgãos gestores evitando a coleta/pesca indevida neste momento tão importante para a reprodução da espécie pois não há no momento como diferenciar caranguejos que estão se reproduzindo, daqueles que estão se deslocando por outros motivos  


•          Sejam feitas medições de salinidade em vários pontos da região estuarina e também na praia.” Comunidade, ICMBio e parceiros da RESEX estão buscando fazer algumas coletas para termos esses dados. 


•          Caso ocorra relocação de caranguejos localizados em possíveis áreas de risco, recomenda-se que estas sejam realizadas para bosques de manguezal com topografia mais elevada (menos alagados) e com salinidade mais alta. Idealmente, distribuir os caranguejos de forma mais ampla para evitar a concentração e o aumento de densidade populacional em apenas um ponto. 


•          Ainda se pode realizar a caracterização do fenômeno, coletando amostras aleatórias de 100 caranguejos, identificando o sexo e medindo a largura da carapaça.  


•          Um segundo passo, fundamental para tentarmos compreender as causas do fenômeno, é a realização de experimentos simples para avaliar o comportamento dos caranguejos em diferentes salinidades. Para estes experimentos, os pesquisadores da REMAR se colocam à disposição para prestar orientações.

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