PROFISSIONAIS DO MATERNO-INFANTIL EM ILHÉUS APRENDEM LIBRAS PARA APRIMORAR ATENDIMENTO E COMUNICAÇÃO DA UNIDADE

Aulas ocorreram nos dias 28 e 29 de maio, na instituição
As duas primeiras turmas de trabalhadores do Hospital Materno-Infantil Dr. Joaquim Sampaio, em Ilhéus, unidade do Governo da Bahia administrada pela Fundação Estatal Saúde da Família (FESF-SUS), participaram quarta e quinta-feiras (28 e 29), do módulo básico do curso de Língua Brasileira de Sinais (Libras) na instituição, que tem o objetivo aprimorar o atendimento e melhorar o acolhimento e a comunicação dos seus trabalhadores com as pacientes que procuram a unidade e possuem deficiência auditiva.
O curso foi ministrado, de forma voluntária, por 10 estudantes de medicina da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), que passam pelo regime de internato no HMIJS.
“Nesta primeira etapa ofertamos a informação que todo mundo precisa. É o básico mesmo. Posteriormente, em um outro módulo, teremos aprendizados mais específicos para profissionais da saúde, facilitando agilidade nas intervenções e ações mais diretas no atendimento emergencial”, explica Ayalla Campos, coordenadora do Núcleo de Educação Permanente (NEP) do HMIJS.
Pioneirismo
O HMIJS é o primeiro hospital da região a implementar esse serviço. O projeto integrado pelos estudantes de medicina da UESC já foi premiado por três vezes, sendo que em duas oportunidades ficaram entre os 10 melhores projetos de iniciação científica da universidade.
Idealizado e implantado com o modelo de Hospital-Escola, o HMIJS recebe estudantes de diversas faculdades e cursos técnicos da região. Débora Santiago, também estudante de medicina e voluntária do projeto, faz questão de destacar que Libras é uma língua de sinais reconhecida e não uma mera tradução do português. “É uma cultura própria”, afirma.
Em 2021, em plena pandemia, quando já vinha sendo ministrada a disciplina na universidade, a turma teve uma primeira aula online com o professor Wolney Almeida. Ele é ouvinte (escuta e fala) mas surgiu na tela, para a surpresa de todos, utilizando a língua de sinais. “A gente não entendeu nada. Foi um choque”, lembra o interno Webert Joaquim. “Todo muito pensou: e agora o que a gente faz”, revelou. Foi aí que surgiu a ideia do projeto.
Surpresa repetida
O professor Wolney foi quem abriu o evento de hoje no HMIJS. Utilizando a língua de sinais ele repetiu a iniciativa. Provocou na plateia a sensação de se sentir excluída. “As marcas de diferenças são que constituem nossa sociedade. Existem diferenças na sociedade e existem também diferenças que a sociedade não quer, por que somos construídos a partir de padrões, construídos por nós mesmos”, resumiu.
Os estudantes asseguram que a Língua de Sinais na saúde conta com pouco conteúdo na literatura. É mais achada no contexto educacional, onde o pessoal mais pesquisa e, naturalmente, produz mais conteúdo. Por isso, os estudantes da UESC, com o auxílio do professor Wolney, montaram o projeto e formaram o grupo de estudo em iniciação científica. O trabalho já assegurou a criação de um glossário médico, que todo ano vem sendo renovado e ampliado. Uma cartilha só com informações da saúde também já foi montada. Todo esse conteúdo passará a ser utilizado no hospital.
A coordenadora do Núcleo de Educação Permanente do HMIJS, Ayalla Campos, destaca que o pioneirismo da iniciativa não está somente na identificação de sinais. Mas de tornar aptos profissionais a tratar com situação especifica da saúde. “Não é só uma identificação de necessidade. É para contribuir com diagnóstico e anamnese, que é a parte mais importante da medicina”.
Acolhimento e humanização
O novo projeto reforça a política de acolhimento e humanização da unidade, que é 100% SUS, focada nos princípios da universalidade, equidade e integralidade e garantindo o acesso justo e completo à saúde para todos os brasileiros, como explica a diretora-geral do Hospital Materno-Infantil, Domilene Borges, que também participou da abertura. “Nós queremos construir, com este projeto, mais oportunidades de cidadania”, ressalta.
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