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SEIS ANOS APÓS MORTE DE IALORIXÁ VÍTIMA DE INTOLERÂNCIA, BAHIA TEM 1 ª CONDENAÇÃO POR RACISMO RELIGIOSO

SEIS ANOS APÓS MORTE DE IALORIXÁ  VÍTIMA DE INTOLERÂNCIA, BAHIA  TEM 1 ª CONDENAÇÃO POR RACISMO RELIGIOSO
Por: Redação O Tabuleiro
Dia 09/06/2021 11h40

Condenada, Edneide Santos de Jesus, terá que prestar serviços à comunidade, além de ter que se apresentar mensalmente à Justiça. Ela hostilizava a ialorixá e religiosos em sucessivos abusos racistas.

A Bahia registrou a primeira condenação por racismo, na modalidade preconceito religioso, seis anos após a morte da vítima do crime, a ialorixá Mildredes Dias Ferreira, conhecida como Mãe Dede de Iansã. A sentença foi publicada na segunda-feira (7).
A condenada, Edneide Santos de Jesus, terá que prestar serviços à comunidade, além de ter que se apresentar mensalmente à Justiça. Ela hostilizava a ialorixá e os religiosos em sucessivos abusos racistas.
Mãe Dede morreu de infarto em 2015, aos 90 anos, após ter saúde agravada pelo racismo religioso, segundo a família. Os ataques a ela e ao Terreiro Oyá Denã, que em Camaçari, região metropolitana de Salvador, começaram em agosto de 2014, sendo agravados no ano de sua morte.
Edneide gritava insultos como "sai, satanás" e jogava sal grosso em frente ao terreiro de candomblé. A condenada faz parte da Igreja Casa de Oração Ministério de Cristo, que fica em frente ao terreiro. O caso foi registrado na delegacia e, em 2015, o Ministério Público da Bahia (MP-BA) denunciou a acusada por praticar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
A atual ialorixá do Terreiro Oyá Denã, Mary Antônia Monteiro, filha de criação da vítima, fala sobre como os ataques racistas contribuíram para o agravamento do estado de saúde de Mãe Dede.

Para o promotor de Justiça Edvaldo Vivas Gomes, essa condenação, apesar de ser tardia e a primeira, tem que ser celebrada, para lembrar à sociedade que os crimes de racismo são imprescritíveis, ou seja não devem ficar se uma resposta legal, independente do tempo.
“Esse tipo de vitória a gente sempre tem que celebrar, porque por mais que os crimes de racismo sejam imprescritíveis, as condenações demoram muito de chegar. Então a gente tem que comemorar mesmo, para que cada vez mais a gente possa estar efetivamente dando cabo desse tipo de problema, e garantindo efetividade para que essas discriminações possam acabar de vez nesse país e no estado da Bahia”.
O desembargador Lidivaldo Britto avalia que essa condenação é simbólica, porque é a primeira condenação por racismo religioso na Bahia.
“É um caso emblemático, porque é a primeira vez que um crime de intolerância religiosa tem uma condenação da primeira instância e tem uma confirmação da condenação na segunda instância do Tribunal de Justiça. É um caso onde o tribunal demonstra para a sociedade que esse crime é punível e que, quem cometer esse crime, vai ser responsabilizado e sancionado".
Neta de Mãe Dede e também abiã do terreiro, Laís Santana também comemora a decisão, mesmo que ela tenha sido proferida seis anos após a morte da ialorixá.
“Apesar de ter sido uma decisão tardia, seis anos depois, essa condenação para a gente agora é uma luz. É uma esperança que veio. Não é uma vitória só para a gente, é uma vitória para todo o povo de axé, que se sente representado".

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