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UNIÃO PROTETORA DOS ARTISTAS: O SILÊNCIO DAS RUÍNAS

UNIÃO PROTETORA DOS ARTISTAS: O SILÊNCIO DAS RUÍNAS
Por: Redação O Tabuleiro
Dia 03/11/2025 18h33

Um dos mais antigos prédios do centro agoniza sob escombros e esquecimento

As ruínas da antiga União Protetora dos Artistas resistem ao tempo como testemunhas silenciosas de uma era em que o trabalho coletivo e o associativismo moldavam parte da identidade local.

Localizado em um dos pontos turísticos e históricos mais lindos de Ilhéus, o imóvel oferece uma vista privilegiada para a Baía do Pontal, compondo uma paisagem que mistura beleza natural e memória urbana.

Inaugurado em 1922 por artistas e operários, o imóvel foi sede da Sociedade União Protetora dos Artistas, criada com o propósito de apoiar os trabalhadores da cidade. A sociedade, composta por artistas e operários, buscava apoio para a construção de sua sede social, que viria a abrigar encontros, reuniões e cursos voltados a operários e artífices.

A função principal do edifício era abrigar as atividades dessa sociedade, que tinha um papel social e, por vezes, político para a classe trabalhadora local, sendo um importante ponto de convivência e organização em Ilhéus.

Hoje, porém, o prédio apresenta risco de desabamento, com estruturas comprometidas e vegetação tomando conta de suas paredes. Em 2024, parte da fachada do prédio desabou, evidenciando o risco estrutural e a ausência de ações concretas de preservação.

Na época do desabamento, a Prefeitura de Ilhéus, então sob gestão do prefeito Mário Alexandre, informou que o imóvel — considerado patrimônio tombado — estava sob o controle da Associação Protetora dos Artistas.

Uma vistoria da Defesa Civil, realizada em 4 de abril de 2023, resultou na interdição do local e na recomendação de desocupação imediata, por risco à segurança.

Apesar disso, o imóvel foi invadido e reocupado por pessoas em situação de rua e cachorros, permanecendo assim até hoje.

A prefeitura também informou que tentou assumir o prédio, junto à Associação, mas não obteve êxito.

O taxista Carlos criticou a falta de fiscalização do poder público: “Porque já vimos alguns acidentes, não atingindo pessoas, mas como aquele da 2 de Julho. Tem que fiscalizar pra poder não chorar o leite derramado. Cuidar é melhor do que remediar.”

A degradação da União Protetora dos Artistas evidencia como Ilhéus continua deixando apagar símbolos que ajudaram a construir sua história social e cultural.

O abandono da União Protetora dos Artistas é mais do que a ruína de um prédio: é o reflexo da perda de uma parte essencial da memória dos trabalhadores e da cultura popular de Ilhéus. Reerguer esse espaço seria uma forma de valorizar não apenas a arquitetura, mas também as mãos e os sonhos que ajudaram a erguer a cidade.

Na próxima reportagem da série, o foco será o impacto das demolições e desabamentos mais recentes, como os galpões da Codeba e o histórico Hotel Ilhéus.

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