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O Tabuleiro

Pawlo Cidade

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ATEMPORAL

Hoje eu quero falar da atemporalidade do amor. E quero começar dizendo que desejaria viver além do meu tempo e ter todo o tempo do mundo para consertar meus erros, refazer meus sonhos, construir novos projetos. Eu queria poder não errar mais, não pecar, não ultrapassar o sinal vermelho, não se deixar vencer pelas tentações. Mas eu não sou perfeito. Não tenho o caráter de Deus, nem a misericórdia de meu Pai. Por que só conseguimos enxergar as coisas quando alcançamos um certo tempo de nossas vidas? Por que as coisas não vêm no seu devido tempo, no seu devido lugar? Até eu sei a resposta: Porque se assim o fosse, não saberíamos o significado da vida.

Eu gostaria de ter dito mais vezes que te amo, ter te beijado no banco da praça, te amado até ficar sem fôlego e depois, correr de pés descalços na areia. Não queria soltar sua mão, nem mergulhar no oceano da solidão. Às vezes, em silêncio, tentava exprimir o meu amor, descrever minha alma e revelar-te meus segredos, mas meu coração desembestado, abestado, fraco, tremia e minhas palavras se prendiam na teimosia do meu orgulho.

Não fechei a porta quando você resolveu sair. A gente sempre acha que tudo de errado que acontece, só acontece com os outros. É aí, como diz a canção, que erramos. “Nós vivemos o lado imperfeito daquilo que somos, falhamos. A vida nem sempre segue o nosso querer, mas ela é perfeita naquilo que tem que ser[i]”, diz a canção. Voa, voa, passarinho. Se um dia voltares, saberei que a conquistei. Mas se aquela porta for uma saída sem retorno, chegarei a triste conclusão que nunca a tive.

Você pode estar vivendo o momento mais, mais, cruel da sua vida. Mas tenha certeza de uma coisa: Tudo passa! Do mesmo modo que você pode estar vivendo hoje o momento mais feliz da sua vida: Tudo passa! E precisamos estar preparados para viver cada uma destas etapas. Uns conseguem, outros não. É um ciclo, é a vida.

Eu queria ser atemporal. Queria que o tempo congelasse, que meu instante fosse eterno e que seu sorriso me enchesse tanto, tanto que me faltassem palavras. Viver seus sonhos, segurar sua mão, caminhar na areia, jogar conversa fora, arrancar-lhe sorrisos, distribuir-lhe beijos, não tem preço. Sei que estes versos, sem rima, não te trarão de volta. Mas o tempo, amigo-irmão do amor, ficará guardado nas lembranças de uma noite linda de agosto, quando a lua atingiu seu ápice no céu.



[i] Frase da canção “Atemporal”, da banda Catedral.

Por: Redação O Tabuleiro
Dia 29/05/2019 10h15

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