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Pawlo Cidade

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PATRIMÔNIO CULTURAL

Qual é a função primária de um museu? Quais são os benefícios que nos traz o patrimônio cultural? Por que é tão importante envolver a comunidade na gestão das casas de patrimônio? Hoje você vai ficar por dentro destas importantes questões culturais sobre nosso patrimônio cultural. Museu é “uma instituição permanente, sem fins lucrativos, a serviço da sociedade e do seu desenvolvimento, aberto ao público, que adquire, conserva, pesquisa, comunica e exibe patrimônio material e imaterial da humanidade e de seu ambiente para os propósitos de educação, estudo e entretenimento”. Este conceito proposto pelo Conselho Internacional de Museus já nos traz de imediato as funções primárias dos museus: preservar, pesquisar, comunicar e educar. Eu poderia até falar sobre cada uma destas funções, mas prefiro focar nos benefícios que o museu traz para uma cidade. Sobretudo, uma cidade histórica como a de Ilhéus. Um governo que reconhece e valoriza seu patrimônio cultural material e imaterial (e por material entenda os prédios históricos, os casarões, e por imaterial as nossas histórias, nossas manifestações populares e festas tradicionais) traz benefícios sociais, educacionais, culturais e políticos. Sim, políticos também. A qualidade dos ambientes urbanos e o valor dos imóveis preservados podem ser maiores nas áreas declaradas patrimônio cultural, pois essas passam a atrair mais investimentos em conservação que devem ser coerentes com condições ambientais valorizadas pelos habitantes da cidade. Os investimentos em preservação e restauração são investimentos multiplicadores, repercutindo na cadeia secundária e terciária. Implica no aumento do fluxo turístico. As áreas históricas conferem ao município uma identidade mais forte e aumenta sua projeção nacional e internacional. Veja os circuitos cravo e canela, no centro histórico de Ilhéus, por exemplo, onde se encontram importantes prédios históricos como a Casa de Cultura Jorge Amado, a Igreja São Jorge, a maçonaria, o bar Vesúvio, o Bataclan entre outros. A gente já consegue compreender que o turismo é um grande gerador de oportunidades de empregos diretos e indiretos? A gente já planeja entendendo que o patrimônio cultural e o patrimônio natural são fortes atrativos turísticos, capazes de gerar emprego e renda, e quando, adequadamente tratados, auxiliam na redução da pobreza das populações envolvidas? Não basta somente uma política de valorização, preservação e conservação. É preciso envolver as pessoas na gestão destes patrimônios; é preciso estimular os grupos sociais, as instituições privadas, o terceiro setor a fazer parte deste projeto. O envolvimento destas pessoas possibilita um melhor diagnóstico dos problemas. Elas são mais aptas a informar aos gestores públicos, sobre traços culturais, práticas e comportamentos de grupos sociais, valores, muitas vezes não percebidos pelos técnicos. Quando as pessoas não participam do nosso patrimônio cultural, há maiores riscos de descontinuidade ou de ter sua implementação retardada devido a conflitos não previstos na fase de concepção. É difícil compatibilizar ideias, desejos e princípios diferentes, não é uma tarefa fácil, mas não pode ser descartada. Além de que, a participação das pessoas exige transparência para que a confiança entre as partes seja garantida. O gestor público deve iniciar um processo participativo sabendo que pode alterar planos originais eventualmente existentes para absorver as contribuições aportadas. Só assim a gente consegue fomentar o senso de pertencimento, de valorização, de entrega, de parceria com a comunidade. Fonte: Comunicação e Cidades Patrimônio Mundial no Brasil/Jurema Machado e Sylvia Braga – Brasília: UNESCO, IPHAN, 2010. Recomendação referente à Proteção e Promoção dos Museus e Coleções, sua Diversidade e seu Papel na Sociedade, UNESCO, 2017.

Por: Redação O Tabuleiro
Dia 18/06/2021 08h54

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