“PRECISAMOS FALAR SOBRE A INVISIBILIDADE DA MULHER NEGRA”, DIZ ADVOGADA DA COMISSÃO DE IGUALDADE RACIAL DA OAB ILHÉUS

Evento Julho das Pretas acontece nesta sexta-feira (18), às 18h, no Teatro Municipal de Ilhéus, com apresentações culturais e reflexões sobre o racismo e o papel da mulher negra na sociedade
A Ordem dos Advogados do Brasil – subseção Ilhéus – promove nesta sexta-feira, 18 de julho, o evento Julho das Pretas, em homenagem ao Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha. A atividade será realizada às 18h no Teatro Municipal de Ilhéus e é organizada pela Comissão de Promoção de Igualdade Racial da OAB, em parceria com a Comissão da Mulher Advogada e a Comissão de Direitos Humanos.
A advogada Maielle Santos, integrante da Comissão de Promoção de Igualdade Racial, destaca que a proposta do evento é mobilizar a sociedade sobre a importância da data, que ainda é pouco conhecida e debatida. “A última vez que fizemos esse evento foi no auditório da OAB. Agora, o evento tomou outro corpo, cresceu, e decidimos levar para o teatro, com apresentações artísticas e culturais”, contou.
Segundo ela, a ampliação do evento atende à necessidade de dar visibilidade à luta das mulheres negras e de valorizar figuras históricas como Tereza de Benguela, líder quilombola do século 18 que atuou contra o regime escravocrata. “Ela enfrentou o racismo e a invisibilidade da mulher negra naquela época. É necessário falar, mostrar e valorizar essa história, para que outras mulheres possam também se espelhar”, afirmou.
Durante entrevista concedida ao programa de rádio “O Tabuleiro”, com Vila Nova, Maielle também refletiu sobre o racismo estrutural e as marcas que ele deixa no cotidiano da população negra, especialmente das mulheres. “A gente percebe o racismo de forma mais velada, porque hoje existe um combate maior, se fala mais sobre isso. Mas ele ainda está presente, inclusive nas falas e nos comportamentos que a gente reproduz sem perceber”, explicou.
Ela ressaltou que muitas vezes a própria mulher negra pode reproduzir comportamentos racistas, por falta de consciência racial. “Quando a consciência não chega, a gente repete. Fala-se ‘preto é tudo igual’, ou ‘essa preta é bonita’... e aí já vem o sexismo, a sexualização do corpo negro, do tipo ‘tem essa bunda grande porque é preta’”, exemplificou.
Outro ponto destacado por Maielle é a invisibilidade. “Falta oportunidade, falta reconhecimento. A mulher negra ainda fica nos bastidores. Já existe uma invisibilidade por ser mulher, em uma sociedade patriarcal. Quando é uma mulher preta, esse apagamento é ainda maior.”
A advogada reforçou o convite à comunidade para participar do Julho das Pretas e refletir coletivamente sobre esses temas. “É um evento de todos, para ampliar as vozes e reconhecer a importância da mulher negra na construção da nossa sociedade.”
Confira a entrevista completa:
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