Vídeo denuncia impacto ambiental da dragagem do Porto de Ilhéus sobre ecossistema marinho e pesca local

Um possível crime ambiental cometido pela draga holandesa responsável pela dragagem do Porto de Ilhéus foi denunciado pelo mergulhador e pescador profissional Fernando Filho, da FF Pesca. Em um vídeo gravado de dentro de uma lancha, Fernando flagrou o despejo de sedimentos em uma área já afetada anteriormente, comprometendo a biodiversidade marinha e prejudicando os pescadores da região. O assunto foi debatido durante o programa O Tabuleiro, da rádio Ilhéus FM, nesta segunda-feira, 17 de fevereiro. Segundo a denúncia, a lama deveria ser descartada em uma área mais profunda e distante, a cerca de duas milhas da costa, mas estaria sendo despejada sobre uma importante barreira de coral. A ação estaria transformando o local em um grande banco de lama, impossibilitando a vida marinha e impactando diretamente a pesca esportiva e comercial.

O comunicador Vila Nova cobrou explicações a respeito da denuncia. A situação levanta questionamentos sobre a fiscalização e responsabilidade da Codeba (Companhia das Docas do Estado da Bahia) e demais órgãos competentes, que devem garantir que esse tipo de operação seja feita de maneira correta, sem prejuízos ao meio ambiente e à economia local.

Fernando, que possui ampla experiência como mergulhador e pescador, afirmou que já havia identificado o problema anteriormente, mas evitou denunciar por medo de represálias. Agora, ele decidiu tornar pública a situação para tentar impedir mais danos ao ecossistema marinho. “A gente trabalha tanto para promover o lugar e preservar. Ilhéus é conhecida mundialmente na pesca. Mas essa draga está destruindo uma área fundamental para a vida marinha e para os pescadores. Um ano e meio atrás eu fiquei com medo de denunciar, mas agora não posso mais permitir que isso aconteça. O vídeo que gravei mostra a latitude e a longitude exatas de onde a lama está sendo despejada.”

Fernando reforça que não é contra a dragagem do porto, mas questiona a forma como está sendo conduzida. Segundo ele, bastaria que a draga navegasse por mais 10 a 15 minutos para despejar os sedimentos em um local adequado, sem impactar diretamente a barreira de corais e os pesqueiros próximos. “Ninguém quer impedir o trabalho da draga, só queremos que a lama seja descartada no local correto. O que está acontecendo é que eles estão acabando com as pedras e os corais, destruindo a biodiversidade marinha e afetando a pesca. O pesqueiro mais próximo que tínhamos simplesmente acabou.”

Fernando destaca ainda que Ilhéus se consolidou como um dos principais destinos de pesca esportiva do Brasil e que o turismo ligado à atividade movimenta significativamente a economia local. Ele teme que, se a situação continuar, a cidade perca sua relevância no cenário nacional e internacional da pesca.