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Pawlo Cidade

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MARIA VAI COM AS OUTRAS – VOCÊ VAI VOTAR EM QUEM?

Você vai votar em quem? A pergunta seca e direta partiu de um eleitor consciente, Agnaldo. Eu respondo: em Adélia. Bom nome, ele diz. Também vou votar nela. E aí ele começa a elencar duas ou três razões pelas quais votaria na candidata do Partido dos Trabalhadores. Me despeço, viro a esquina, encontro outro amigo. E aí, parceiro, tudo bem? Tudo. Já tem um candidato? Eu respondo: Jabes. Ele indaga: Jabes? Eu digo: Sim. Ele tenta contra-argumentar e aponta duas ou três razões pelas quais não votaria em Jabes. Puxo outro assunto, pergunto pela família, os filhos, o trabalho. Vou embora.
Chego no carro, abro a porta e um “flanelinha” me aborda: Patrão, tem um trocadinho aí? Eu digo: Só se você me disser em quem vai votar. Ele responde na lata: Quem me pagar mais. Nem discuto. Dou o trocado. Pensei que você fosse votar no Papa. No Papa? É. Em Bento. Em Bento? Ele confirma com a cabeça. Por quê? Ele tenta justificar, não consegue, mas diz que toda a sua família votar em quem pagar mais.
Entro no carro, vou saindo e paro na sinaleira da Praça Cairu. Ana Lívia para do meu lado, baixa o vidro e pergunta: Já escolheu seu candidato? Eu balanço a cabeça feito uma lagartixa dizendo: Valderico Júnior. Ela faz cara de quem comeu, mas não gostou. Balança a cabeça desaprovando, vai dizer alguma coisa, o sinal fica verde. Não ouço a resposta dela.
Em casa, já refeito dos candidatos e candidatas que disse que votaria, abro o portão, a cachorrinha late: Eu vou votar em Augustão, tão, tão, tão! Eu respondo: Uau, que legal! Estendo o polegar, concordando: Eu também vou, vou, vou, vou!
Meia hora depois, embaixo do chuveiro, grito para minha esposa: Você vai votar em quem? Ela diz, desanimada, não voto em Adélia, não voto em Jabes, não voto em Bento, não voto em Augustão, não voto em ninguém.
Não dá para votar em todo mundo. Nem deixar de votar. Ainda bem que o voto é secreto. Cada um escolhe aquele que acha que será melhor para a cidade, certo? Só que não. Nesta terra, que por muitos ainda é chamada de povoado, muitos esperam pela boca de urna. E é aí, caro leitor, que mora o perigo.
Uma coisa é certa: É melhor ser um eleitor de voto útil, ou uma Maria vai com as outras, que ser um eleitor que se vende por um trocado.

Por: Redação O Tabuleiro
Dia 14/05/2024 08h29

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