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O Tabuleiro

Pawlo Cidade

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O TÉCNICO

Eu não tenho nenhuma dúvida que o que acontece de errado numa gestão passa, primeiramente, pelo corpo diretor de um órgão. Se o comandante não entende bulhufas de seu navio, não serão seus tripulantes que o conduzirão até o porto. Pelo contrário, a tendência é o naufrágio, sobretudo se encontrar um iceberg no meio do caminho e os incautos, ingênuos, navegantes acharem que se trata apenas de uma pedrinha de gelo. Conan Doyle ao escrever Um Estudo em Vermelho, seu livro de estreia que apresentou ao mundo o detetive Sherlock Holmes, tem uma frase que diz: “A singularidade é sempre uma chave, os crimes mais comuns são os mais difíceis de descobrir”.  Parafraseando Conan Doyle eu diria que as coisas mais comuns, mais simples de se resolver, nas mãos de incautos tornam-se mais complexas, mais difíceis, mais confusas. É só analisar de perto o que acontece a nível municipal, estadual e federal.

Acontece que, na grande maioria das vezes, opta-se pela política em detrimento da técnica. E, aquilo que parecia ser resolvido de imediato, volta à estaca zero. Os técnicos não são imediatistas, são cautelosos, planejam, sabem quando e de onde virão os resultados. As conquistas são graduais, não aparecem assim da noite para o dia. Os eventos e as ações sempre são pensados a médio e longo prazo. Cabe ao gestor delegar poderes e facilitar condições. Nem todos os gestores estão preparados para entender como funciona esta dinâmica. Sobretudo na cultura onde ela, a dinâmica, é efervescente. As cobranças, o desenvolvimento, a troca de saberes e fazeres perpassa por uma lógica que difere da lógica comum dos demais projetos e planejamentos. Além do mais, artista não se tapeia, cobre-se o choro temporário. Esteja preparado para o berro.

Eu queria saber o que se passa na cabeça das pessoas que assumem um cargo público sem entender nada do que está assumindo. Mas, por outro lado, fico feliz quando alguns tentam compreender a matriz do negócio e se cercam de pessoas capacitadas para que o trabalho flua. Um presidente não precisa entender de energia nuclear ou de energias renováveis, ou ainda de dívida pública para assumir o cargo. Porém, ele precisa estar preparado para responder questões desta natureza. E só quem pode prepara-lo é um técnico, “aquele que é versado numa arte ou ciência; especialista, perito, experto”. É por isso que escolhe os técnicos para estar ao seu lado quando é abordado sobre este ou aquele assunto.

Quer que, pelo menos, 50% do seu governo deem certo? Privilegie os técnicos. E se você assumiu um cargo técnico, mas é um político, avizinhe-se de técnicos. Enquanto você dá o compasso político, de forma clara e transparente - porque isso é extremamente importante - os técnicos viabilizarão seus projetos.

Por: Redação O Tabuleiro
Dia 14/11/2019 08h45

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