
Você sabe o que é redundância? Bem, segundo o dicionário, trata-se de um substantivo feminino que diz respeito àquilo que é redundante. Explico, caracteriza-se por uma palavra que insiste, desnecessariamente, repetir a mesma ideia. É um excesso de palavras, de expressões. Como dizia minha avó, “é areia demais pra pouca obra”. Apois, redundância é um negócio repetitivo numa frase. Os exemplos mais comuns de redundância são “entrar pra dentro”, “sair pra fora” e “planejar antecipadamente”.
Até parece que a palavra planejar não significa “antecipar as coisas”. Se não fosse assim, não se planejava. Outro dia um amigo me disse: “Cara, tive uma surpresa inesperada!”. Como se a surpresa fosse algo que se espera. É como você afirmar que os principais protagonistas de um filme fossem João e Chiquinho. Protagonista é o mesmo que principal, então por que protagonista principal? Entende?
Outra redundância interessante sempre pega a gente pelo pé. Estou falando de “encarar de frente”. Quando você encara, por acaso, você fica atrás ou na frente? Então encarar já está explícito que é de frente. É como você ir ao novo lançamento do meu livro. Se é lançamento, já denota algo novo, então não é novo lançamento é apenas um lançamento.
A língua portuguesa é mesmo uma maravilha. A gente convive junto todo o dia com estas expressões. Viu aí? “Convive junto”. Como se a palavra conviver não fosse o mesmo que viver junto, que compartilhar do mesmo espaço. Há mesmo um elo de ligação entre o falar coloquial e o falar erudito. Peraí, eu disse “elo de ligação”, mas a palavra elo é a mesma coisa que ligação. Ou seja, elo é uma relação existente entre pessoas ou coisas, uma conexão, vinculação, união. Portanto, pra quê usar elo de ligação se tudo isso já é um elo?
Afinal, todas estas expressões da língua portuguesa são baseadas em fatos reais. Mas fatos já são reais porque são fatos, então pra quê evidenciar o real se ele já está subentendido em fatos? Vou parar por aqui. No fundo, é consenso geral de que a gente tem mania mesmo de ser redundante, pra exagerar um pouquinho nossas conversas, não é mesmo? Êpa! Segura aí. Mas consenso já é uma concordância, uma uniformidade de pensamentos. Neste caso ele não precisa ser consenso geral e sim, simplesmente consenso. Enfim, se é consenso ou não, o bom mesmo é saber que temos a melhor língua do mundo. Quando eu digo “a melhor língua do mundo” estou entrando no campo da metáfora ou falando literalmente da língua portuguesa? Melhor deixar isso pra outra discussão.