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Pawlo Cidade

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REDUNDÂNCIA

Você sabe o que é redundância? Bem, segundo o dicionário, trata-se de um substantivo feminino que diz respeito àquilo que é redundante. Explico, caracteriza-se por uma palavra que insiste, desnecessariamente, repetir a mesma ideia. É um excesso de palavras, de expressões. Como dizia minha avó, “é areia demais pra pouca obra”. Apois, redundância é um negócio repetitivo numa frase. Os exemplos mais comuns de redundância são “entrar pra dentro”, “sair pra fora” e “planejar antecipadamente”.
Até parece que a palavra planejar não significa “antecipar as coisas”. Se não fosse assim, não se planejava. Outro dia um amigo me disse: “Cara, tive uma surpresa inesperada!”. Como se a surpresa fosse algo que se espera. É como você afirmar que os principais protagonistas de um filme fossem João e Chiquinho. Protagonista é o mesmo que principal, então por que protagonista principal? Entende?
Outra redundância interessante sempre pega a gente pelo pé. Estou falando de “encarar de frente”. Quando você encara, por acaso, você fica atrás ou na frente? Então encarar já está explícito que é de frente. É como você ir ao novo lançamento do meu livro. Se é lançamento, já denota algo novo, então não é novo lançamento é apenas um lançamento.
A língua portuguesa é mesmo uma maravilha. A gente convive junto todo o dia com estas expressões. Viu aí? “Convive junto”. Como se a palavra conviver não fosse o mesmo que viver junto, que compartilhar do mesmo espaço. Há mesmo um elo de ligação entre o falar coloquial e o falar erudito. Peraí, eu disse “elo de ligação”, mas a palavra elo é a mesma coisa que ligação. Ou seja, elo é uma relação existente entre pessoas ou coisas, uma conexão, vinculação, união. Portanto, pra quê usar elo de ligação se tudo isso já é um elo?
Afinal, todas estas expressões da língua portuguesa são baseadas em fatos reais. Mas fatos já são reais porque são fatos, então pra quê evidenciar o real se ele já está subentendido em fatos? Vou parar por aqui. No fundo, é consenso geral de que a gente tem mania mesmo de ser redundante, pra exagerar um pouquinho nossas conversas, não é mesmo? Êpa! Segura aí. Mas consenso já é uma concordância, uma uniformidade de pensamentos. Neste caso ele não precisa ser consenso geral e sim, simplesmente consenso. Enfim, se é consenso ou não, o bom mesmo é saber que temos a melhor língua do mundo. Quando eu digo “a melhor língua do mundo” estou entrando no campo da metáfora ou falando literalmente da língua portuguesa? Melhor deixar isso pra outra discussão.

Por: Redação O Tabuleiro
Dia 26/02/2021 08h16

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