Corroído por dentro, desaba o edifício da atual administração de Ilhéus. A fachada, que encobria escombros internos, vai ao chão. Destroços de incompetência e desvio de objetivos ficam expostos.
O desabamento do prédio da União Operária é amostra trágica de tudo de pior, de errado, de criminoso e de vexatório que uma gestão pode exibir.
O empurrão definitivo que derrubou o casarão da Dois de Julho é consequência (prevista e esperada com angústia) da negligência culposa e da irresponsabilidade proposital com o bem público e a vida da comunidade.
Vivemos hoje um ciclo radical de devastação, como na época do achamento do Brasil e do surgimento de Ilhéus. Sofremos,na atualidade, com um surto de exploração desenfreada e de aniquilamento, sistemático, de nossas riquezas naturais e nossos valores culturais. Como fizeram os conquistadores de cinco séculos atrás. Este é o modelo cruel escolhido para preparar o município para os 500 anos que se aproximam. Em nome do progresso civilizatório, arrasam o que for preciso para favorecer a ambição de riqueza e poder.
Circulam justificados rumores de que há interesses ocultos e interessados suspeitos nessa anti política premeditada. As edificações abandonadas no espaço urbano estão concentradas em áreas nobres que, desocupadas, atingem altas cifras no mercado da especulação imobiliária. Acrescente-se a conveniência para o poder municipal de que os prédios abandonados transformam-se em territórios habitados por moradores de rua - o que torna-se vantajoso para a prefeitura que, assim, se vê desobrigada de fornecer albergues e assistência social ao contigente de largados sem teto. Além de esconder a população de carentes esfarrapados.
Até quando vamos continuar indiferentes?
Novos desastres podem estar em curso. Até quando o sobrado da esquina da Conselheiro Dantas resistirá? Quanto tempo mais o telhado danificado do Palácio Paranaguá suportará o acúmulo das águas das chuvas, que se infiltram pelas paredes? E o comprometimento da Casa de Jorge Amado?
E outras coisas mais…
Não dá para ficarmos de braços cruzados. Precisamos agir. É hora de cada qual, que ama nossa
cidade, se mobilizar e gritar, sem rodeios: o povo de pé quer Ilhéus EM PÉ!