Embora o exercício da espiritualidade seja comum no Brasil, ela não pode ser confundida como objeto de manipulação e favorecimento. Isso é básico, sobretudo, na tradição cristã. Aliás, conforme diz os cristãos, o Reino de Deus não pode ser confundido com qualquer outro Reino.
Isso posto, as manifestações políticas em nome de Deus devem ser consideradas como atitude suspeita em qualquer debate, principalmente em períodos de eleições. Não atoa, indivíduos que desejam falar e defender seus projetos de poder, junto ao de Deus, geralmente, são péssimos políticos e não gozam de uma agenda política concisa.
Portanto, é preciso que o povo entenda que político deve apresentar projetos e não artigos de fé; capacidade e não confissão religiosa, pois a cidade não é um grande centro religioso, ela é apenas uma cidade. Mas, se a cidade dos políticos, cuja população está representada pelos seus eleitores, fosse um grande centro religioso, a frase do Nelson Rodrigues seria oportuna e, no mínimo, irônica: "Deus só freqüenta as igrejas vazias". Ou seja, Deus não estaria nesta cidade imaginária segurando cartaz, se aglomerando e cantando música que todo mundo esquece um mês depois.