Há uma imagem interessante daquilo que foi o impe?rio bizantino, ao cargo do imperador Justiniano (527-565 d.C) junto com a sua esposa Teodora. Mulher simples e aute?ntica.
O governo de Justiniano sofreu uma crise incalcula?vel em 532 na Revolta de Nika. Os motivos que provocaram, fora o mesmo da Revoluc?a?o Francesa: imposto alto e mise?ria. Nessa ocasia?o, a polarizac?a?o partida?ria parecia profetizar o que haveria de acontecer no se?culo XXI: As cores das bandeiras poli?ticas se tornaram parte de um movimento poli?tico e revoluciona?rio. Os verdes e azuis se chocaram.
O reinado ficou em crise, a sociedade inflamada, mas a coragem de Teodora contrapo?e a inseguranc?a do desejo de fuga do seu marido Justiniano. Teodora disse: "Ainda mesmo que a fuga seja a u?nica salvac?a?o, na?o fugirei, pois aqueles que usam a coroa, na?o devem sobreviver a? sua perda. Se queres fugir, Ce?sar, foge; eu ficarei, pois a pu?rpura e? uma bela mortalha." A coragem de Teodora e? nota?vel, mas a prepote?ncia governamental e? mais ainda. Seu desejo se encontra no glamour da riqueza palaciana, sobrepondo a mise?ria social, a cata?strofe do oprimido e o sofrimento dos justos.
Tal como Teodora, as autoridades políticas mostraram ser indiferentes à pobreza (nesse sentido, falo do fim do auxílio emergencial, quando ainda temos alto índice de mortes e infecções) e também a educação (na medida em que se recusaram em desenhar planos, elaborar plataformas alternativas de ensino, cuja ação sucateou o ensino público mais ainda).Tal como Teodora, as autoridades optaram pelas regalias, aliás, seus chegados vivem bem e estudam nas melhores escolas.
A crise do COVID-19 nos mostra, também, as nossas prioridades e, sobretudo, os desejos dos nossos governantes que, nunca foi pelo bem estar social, mas pela púrpura do privilégio. Quanto a nós: pagaremos o preço no aumento da pobreza, no analfabetismo e das mortes decorrentes de tais realidades.