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O Tabuleiro

RILTON FILHO

RILTON FILHO

POLÍTICAS DE INIMIZADES: BRASIL MATANDO A SI MESMO

O conceito de políticas de inimizades pertence ao filósofo camaronês Achille Mbembe, cujo significado se baseia em ações que são desenvolvidas a partir de lógicas de separação e de invisibilização do outro, quer dizer, você estabelece um inimigo, adjetiva ele e depois passa a odiá-lo, inclusive matá-lo. Esse conceito também é sofisticado, aliás, critérios étnicos, raciais e sociais são invocados no processo de identificação do inimigo, ou seja, nem todo mundo é inimigo.

Mbembe desenvolve seu conceito pensando a África, ou seja, pensando os processos coloniais e de opressão política, nesse sentido, seu conceito serve na reflexão que busca entender políticas governamentais, mas também políticas adotadas na micro relação, na África, mas também no resto do mundo, aliás, Mbembe já é um filósofo de reconhecimento mundial.

Meu panorama serve para facilitar a compreensão daquilo que desejo refletir pensando o Brasil, isso porque, o Brasil, desde 2014, passou a viver sob lógicas de inimizades, inclusive, a população. Amizade, contrária a inimizade, pressupõe compreensão, escuta, reconhecimento e principalmente diferença, mas não foi nessa direção que passamos a construir a ideia de nação nos últimos anos, pelo contrário.

Portanto, chegamos em um dos momentos mais críticos da nossa história preservando lógicas que nos separam e nos torna lugares vulneráveis. Mais do que isso, torna alguns, vulneráveis, porque como falamos no início, as políticas de inimizades estabelecem dinâmicas de ódio e violência e isso pressupõe luta, e se pressupõe luta, pressupõe que os mais fortes vencem. Cuidemos com essas lógicas colocadas principalmente pela classe política, porque quando Roma pega fogo, eles fazem como Nero: começam a tocar harpa em seus palácios. Sejamos solidários, respeitosos às diferenças e pacientes na escuta do outro, pois se assim não for, continuaremos matando a nós mesmos. E vamos combinar: é melhor prevenir do que remediar, pois nem sempre dá tempo remediar a morte.

Por: Redação O Tabuleiro
Dia 14/04/2021 07h45

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