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Pawlo Cidade

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O REVERSO DA MEDALHA

Em um período passado, quase tudo que se queria comprar na Bahia estava acessível em Ilhéus. Era possível encontrar uma gama de utensílios e produtos modernos para o lar, além de uma variedade de itens sofisticados. As inovações mais recentes já faziam parte da vida cotidiana. Essa realidade é corroborada pelo historiador Silva Campos, e os moradores mais antigos da cidade podem atestar. Ilhéus estava em plena ascensão, refletindo uma verdadeira perspectiva de avanço. Nada permanecia estático; tudo seguia seu fluxo, assim como as águas de um rio que desaguam no oceano.

Certo dia, movidos pela ira ou pelo desejo de se vingar, decidiram enterrar a cabeça de um burro em algum lugar desta cidade, e a partir daí tudo começou a deteriorar. A situação se agravou a tal ponto que a cidade foi tomada por uma série de “problemas, delitos e feridas sociais, características de todas as regiões desenvolvidas”.

Esta cidade tinha o cacau como sua principal riqueza. Assim como o café era essencial para São Paulo, o cacau era tudo para Ilhéus: “Com ele, tudo; sem ele, nada”. O fruto dourado tinha um valor superior ao do próprio ouro.

E se naquela época a mendicância era uma questão significativa, o que dizer do cenário atual? Se naquele período as casas de jogo estavam em plena atividade, o que será que ocorre hoje? E você acha que a prostituição passava despercebida? De maneira alguma! Quanto mais dinheiro circulava nas ruas, mais intensas se tornavam as luzes vermelhas na Rua do Dendê e na Rua do Sapo. Um verdadeiro reduto de corpos desejosos à espera de seus ávidos clientes. A situação se tornou tão alarmante que a polícia instaurou uma rigorosa campanha de repressão à prostituição.

Naquela época, muitas pessoas que chegaram a este lugar acreditavam que em Ilhéus era possível fazer qualquer coisa! Era ou ainda é? Bem, melhor não entrar em detalhes. Havia até banhistas quase nus na Avenida Pedro Álvares Cabral, que hoje se chama Avenida Soares Lopes. E o tráfego? Era uma verdadeira confusão. Não existiam regras, e o transporte era escasso em vários bairros, incluindo o Pontal. Qualquer semelhança com a atualidade é pura coincidência.

No entanto, a polícia fechou a Pensão de Arlete e expulsou Isolina, Edite, Madressilva, Zefina, Joaninha, Elvira e outras profissionais do sexo que, segundo Sá Barreto, geravam paixões. Conta-se que Alcides, com uma viola sob o braço, apresentou pela primeira vez a canção "Hotel Califórnia" na Pensão de Arlete. Nesse local, Berá, que Deus o tenha, se tornou dependente de Coca-cola. Também foi ali que o comunicador Vilanova, em sua juventude, aprendeu a exprimir: “Maravilha, Maravilha” quando Elvira questionou sua opinião sobre uma noite de amor.

Carlos Mascarenhas, que teve uma forte amizade com o palhaço Tramela, proprietário da Fazendinha, localizada na Avenida Ubaitaba, presenciou a perda da inocência deste cronista na casa noturna Espelho. Evidentemente, vários dos habituais frequentadores da Boate OK!, como meu amigo Luiz Castro, ainda estão vivos. Contudo, é improvável que eles admitam isso abertamente. É mais provável que me mandem uma mensagem privada compartilhando suas histórias. 

E Rolemberg, o homem das produções musicais, que era jovem na época em que o Azulejo foi inaugurado, próximo ao Parque Infantil, comentou que teve sua primeira experiência na Casa de Edinha?

E se eu disser a vocês que um certo presidente de uma conceituada instituição, era cliente assíduo da... Como era mesmo o nome daquela casa noturna do Jardim Atlântico? 

Bem, se você lembrou, certamente frequentou!

Deixando as brincadeiras de lado, envio um abraço a todos os amigos mencionados nesta crônica. Embora a narrativa seja fictícia, a realidade por trás dela realmente existiu.

Por: Redação O Tabuleiro
Dia 31/03/2025 10h36

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