Comemoramos domingo o dia das mães e hoje dedico minha coluna às mulheres que são mães e também às crianças da nossa cidade. Eu não sou mãe, mas às vezes me pego pensando como seria ser mãe de uma criança aqui na cidade de Ilhéus. Não pela minha maternidade em si mas pela cidade. Claro, as reflexões também valem para os pais e demais cuidadores. Vamos falar de urbanismo?
A calçada, o poste no meio do caminho, o parquinho, a praça pública, a rua para andar na primeira bicicleta, os locais de sentar, amamentar ou admirar e cuidar da criança: tudo isso é parte da cidade. E interfere, consciente ou inconscientemente, na vida das mulheres e das famílias. Antes de “Fazer cidade” precisamos pensar para quem é a cidade? A cidade é nossa e de todos, inclusive das grávidas, das mães e dos bebês. A cidade deve permitir a ativa participação de todos os seus habitantes e assegurar pelo cuidado e geração de espaços para o desenvolvimento de suas potencialidades, não somente em termos produtivos e de comércio, mas também em âmbitos de recreação e cultura.
Desde o ano passado, Ilhéus foi contemplado com um projeto que justamente foca em bebês e crianças e claro, por consequência nas mulheres mães, a quem estou dedicando a coluna. O projeto se chama Urban 95, da fundação holandesa Bernard van Leer e trás a seguinte questão: “Se você pudesse vivenciar uma cidade a uma altura de 95 cm, o que faria de diferente?”. 95 cm é o tamanho médio de uma criança saudável de 3 anos. A proposta é estimular políticas públicas para a primeira infância que busquem atender às necessidades e expectativas das crianças, tornando as cidades mais acolhedoras para esse público.
A primeira ação do projeto será a realização de um diagnóstico detalhado sobre a experiência e o acesso de crianças e bebês às cidades, oferecendo dados que poderão embasar a construção de políticas públicas mais acertadas para a primeira infância e alinhadas a outras agendas estratégicas locais. Também será oferecido apoio técnico às cidades nos temas de urbanismo, mobilidade, gestão de dados, ciência do comportamento e comunicação com foco em crianças pequenas e seus cuidadores. Ainda, haverá suporte para implementação e o monitoramento de Planos Municipais pela Primeira Infância, visando garantir que a agenda da primeira infância seja priorizada. Ao que parece, temos a oportunidade de ser uma cidade exemplo para a primeira infância daqui uns poucos anos se aproveitarmos a oportunidade.
Eu sou Peolla Paula Stein, especialista em mobilidade urbana, para Ilhéus FM.